Publicada em 23/07/2020, às 20h58 | Atualizada em 24/07/2020, às 15h22
Por Ricardo Aiolfi, com edição de Matheus Thebaldi
Prefeito e secretário de Cultura lamentam morte do poeta capixaba Sérgio Blank

O prefeito de Vitória, Luciano Rezende, e o secretário municipal de Cultura, Francisco Grijó, lamentaram o falecimento do poeta capixaba Sérgio Blank. O escritor ocupava a cadeira 9 da Academia Espírito-Santense de Letras, em que tomou posse há exatamente um ano e um dia. Segundo familiares, a suspeita é que Blank tenha sido vítima de um infarto.
"A cultura capixaba toda de luto e entristecida com a perda do poeta Sérgio Blank realmente é um sofrimento. Quero deixar os meus sentimentos à família, aos amigos e à cultura capixaba pela perda do seu filho querido e tão brilhante", lamentou o prefeito Luciano, que fez um registro em suas redes sociais.
Também em suas redes sociais, Grijó lamentou a enorme perda para a cultura capixaba. "Fico sabendo que meu amigo Sérgio Blank, poeta enormíssimo e uma pessoa só coração, faleceu. Descanse, querido amigo! Paz!".
O escritor nasceu em 1964 em Cariacica e publicou seis obras literárias: "Blue Sutil" (2019); "Os dias ímpares" (2011); "Safira", livro infantil, lançado em 1991 pelo Departamento Estadual de Cultura; "Vírgula" (1996), "A tabela periódica" (1993), "Pus" (1987) e "Um" (1989), além de poesia e textos avulsos.
Homenagem
Sérgio, por duas vozes
Talvez eu devesse escrever sobre a ausência de Sergio Blank usando a voz de secretário municipal de Cultura, aqui, em Vitória. Talvez fosse até necessário, quase protocolar, que, com muita justiça, o poder público municipal se manifestasse, usando minha voz, mas em nome do executivo-chefe, o prefeito. Nada mais justo.
Falo também como amigo que fui, sou e serei, porque amizade não tem fim, mesmo que uma das pontas esteja distanciada. Falo com a dor daquele que perdeu seu oposto. Sim, Sérgio era o oposto de mim, e nisso eu e ele concordávamos, e ríamos disso. Eu, prosador. Ele, poeta. Eu, com exagerada densidade; ele, em sua magreza láctea, bela e pura. Meu jeito falante e de muitos decibéis; ele, de voz que se perdia, esquálida, quase triste. Ríamos quando contrastávamos gostos literários, quando eu dizia ser Bergman chatíssimo e ele afirmando que, no fundo, eu não havia compreendido Persona. Isso se passou durante os anos 1980, quando fomos metonimicamente editados pela Anima, editora carioca. Sonhávamos – nisso concordamos – com um futuro literário tão romântico quanto necessário. Sérgio trouxe ao mundo, em 1987, o livro Pus; eu, Diga Adeus a Lorna Love.
Sérgio tornou-se um patrimônio da cidade. Vitória, ilha que se orgulha de seus artistas, pode inserir em seu plantel o nome de Sérgio Blank. Nas letras capixabas, então, nem se fala. Ele e Miguel Marvilla são o que há de melhor. Queria deixar claro a falta que Sérgio nos fará – como poeta, como homem, como artista. Sim, retomo a ideia: falo em dois nomes. Como secretário de Cultura, que lamenta profundamente a ausência de um de seus melhores poetas, de seus melhores artistas, e falo também – e até principalmente – como amigo, que, por muito tempo, chorará.
Francisco Grijó, secretário municipal de Cultura