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Assistência social: evento traz revelações de memórias e muita emoção

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Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes


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Para mostrar o valor e a importância das histórias e recordações mantidas pelas pessoas idosas, a equipe do Serviço Especializado em Atendimento Domiciliar (Sead) promoveu, na manhã desta quarta-feira (17), o evento intitulado "Baú de Recordações", que reuniu exposição fotográfica, apresentações culturais, música e representações para que o público pudesse ver e ouvir parte das memórias guardadas pelos idosos atendidos pelo serviço.

O Sead é um serviço especializado de acompanhamento em domicílio da Assistência Social, ofertado pelo Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Ele atende idosos, pessoas com deficiências e seus cuidadores familiares com mobilidade reduzida e dificuldades de acessar as unidades de atendimento. Desta forma, as equipes do Sead acompanham as situações de risco pessoal e social por violações de direitos nas residências, a fim de fortalecer vínculos familiares e comunitários e traçar com a família, novas possibilidades de convívio sem padrões violadores.

O senhor Miguel Barbosa Barcelos, de 82 anos, que a primeira vista se mostrava alheio às interações que acontecia no evento "Baú de Memórias" é um exemplo de idoso acompanhado pelo Serviço. Mas, foi só ficar frente a frente, perguntar qual era o seu nome para ele abrir um sorriso largo e começar a falar sobre suas histórias. 

"Coloquei no baú minha bíblia, porque não guardei muitos objetos. As minhas memórias estão todas aqui na minha mente", falou ele. 

"Antigamente, era tudo diferente. Hoje, está tudo moderno por aqui (se referindo à região do centro de Vitória). Na juventude, fui jogador de futebol da Desportiva, do Vasco (juvenil) e, depois só peladeiro mesmo. Era muito bom. Era um tempo muito feliz", completou Miguel.

Miguel contou, visivelmente emocionado, contou um pouco mais sobre sua história. "Me casei há 40 anos e, com um mês, o casamento acabou. Desde então moro sozinho. Em casa, somos só eu e a minha televisão. Mas estou quase me desligando dela, porque só passa violência. Não quero mais ver. A minha única visita são as meninas do Sead. Ela (se referindo a cuidadora social do Sead Luciene Belo) é tudo para mim. Elas me auxiliam desde a entrega da cesta de alimentos a apoio quando passo mal. Elas são uma outra família que arrumei. Converso com elas uma a duas horas direto. Assim vou levando a vida", afirmou Miguel.

No baú de recordações da idosa Magna das Neves Coutinho, 71, tinha as fotos de objetos comprados na época dourada da região da Explanada Capixaba. "Eu comprava coisa para revender. Entrava nestas lojas todas atrás de bons produtos para revender. Cheguei a trabalhar na fase da abertura das Lojas Americanas, na Mesbla (loja de departamento declarada falida em1999). O que mais gostava era ver os navios passando e mostrar para meus netinhos", comentou.

No meio da conversa, Magna parou e disse: "sabe, não sei em que momento da minha vida vim parar no Creas. Mas, graças aos cuidados dela, apontando para a cuidadora social Renilda Ribeira da Silva, agora faço tudo dentro de casa. Continuo morando sozinha, mas meu filho mais velho (Luiz Carlos) liga sempre para mim e me olha", afirmou ela.

Ao vê-la participando do evento, Renilda disse que Magna era um dos seus maiores orgulhos. "Tenho orgulho pelo resultado alcançado com nosso trabalho. Conseguimos devolver para ela sua autonomia. Foi um trabalho de um ano e três meses. Atualmente, ela esta sendo desligada do serviço e isso, para nós, é maravilhoso. Ela também resgatou o vínculo familiar", complementou a cuidadora social.

Transformação

As histórias da idosa Lídice Silva Ribeiro, 81, são ainda mais impactantes. Vivendo um luto, com mobilidade reduzida e em isolamento social, segundo a idosa, a chegada da equipe do Sead a sua casa foi transformadora. "Vivo sozinha, desprezada. São elas minhas únicas companhias e incentivadoras. Elas me incentivaram a reunir minhas boas recordações e a participar deste evento maravilhoso. Não perco mais nenhum. Onde elas me chamarem para ir, eu vou. Vou até comprar umas muletas", comentou animada ao lado da equipe do Sead Centro.

"O tempo dos meus filhos pequenos. Tempo em que eles ficavam ao meu redor. Hoje, eles bateram asas. Os três são adultos tem filhos e ninguém me visita", afirmou ela. Com intuito de acalentar, perguntar em tom de afirmação de que eles deveriam morar longe, a resposta de Lídice foi direta e sem rodeios. "Longe? Eles moram na terra", resumiu ela.   

A secretária de Assistência Social, Soraya Mannato, demonstrou orgulho do trabalho e dos resultados proporcionados pela equipe do Sead na busca pela excelência para garantir a superação das violações de direitos e fortalecimento dos  vínculos familiares e comunitários. "Este projeto Baú de Recordações é fantástico! Dá para sentir a emoção deles pelo respeito a suas memórias. Isso, sem dúvidas, traz uma nova conexão com o mundo, além de contribuir para as gerações mais novas dentro da família e das pessoas que passarem a conviver no entorno deles", comentou Soraya.