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Estudantes de Vitória recebem cartas de Moçambique e vivem momento de emoção e troca cultural
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Por José Carlos Schaeffer (jcschaeffereira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Os estudantes do 9º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) São Vicente de Paulo, que fica no bairro Moscoso, viveram um dos momentos mais aguardados do projeto "Cartas para Moçambique: uma prática de ensino dialógica e afetiva", nesta terça-feira (09). Após semanas de expectativa, as respostas enviadas pelos estudantes moçambicanos chegaram à escola e foram recebidas com grande alegria.
Assim que os envelopes começaram a ser distribuídos, o clima na sala mudou: sorrisos, abraços e olhares curiosos revelavam o encantamento dos estudantes ao terem em mãos cartas escritas especialmente para eles por colegas que vivem do outro lado do oceano. Muitos leram as mensagens em voz alta, outros guardaram a carta com cuidado, e vários se emocionaram com as histórias, desenhos e afeto vindos de Moçambique.
Conexões que atravessam fronteiras
O recebimento das cartas marcou o grande desfecho do projeto desenvolvido pelos bolsistas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) Édipo Frinhani, Lívia Quirino e Raí Balbieri, sob a supervisão da professora de Língua Portuguesa Patrícia Seibert Lyrio, com apoio do coordenador André Effgen Aguiar. A parceria com Moçambique foi possível graças ao professor Cesário Lopes Manuel, doutorando da Ufes, que articulou o contato entre as duas escolas.
Antes desse momento tão esperado, os estudantes participaram de uma série de atividades voltadas à valorização da cultura afro-brasileira e ao estudo crítico do continente africano. A formação incluiu palestra sobre cultura e história africana, roda de conversa, estudo do gênero carta e uma visita ao Centro Histórico de Vitória, onde registraram elementos da cultura capixaba que passaram a integrar as cartas enviadas à escola moçambicana.
Com esse repertório, os jovens produziram suas cartas, refletindo sobre identidade, território e pertencimento. Porém, nada superou a emoção vivida nesta terça, quando puderam finalmente conhecer as histórias, curiosidades e impressões dos estudantes moçambicanos.
"Eu estava muito ansiosa. Quando a carta chegou hoje, fiquei muito feliz. Achei incrível saber que minha correspondente lembrou de mim e contou sobre a vida dela", contou a estudante Mercya Mariani Santos Marques. Já Raphael Cardoso Braga destacou a importância dessa aproximação. "Foi emocionante ler a carta hoje. É uma troca muito legal, porque a gente conhece a realidade deles e percebe que, mesmo longe, temos muito em comum", concluiu.
O diretor Cristino Carneiro comemorou o momento. "Ver nossos estudantes recebendo as cartas foi emocionante. Em um tempo de comunicação rápida, a carta resgata um vínculo afetivo que permanece. As reações deles mostraram o valor dessa troca, que fortalece nossa identidade e aproxima culturas", disse.
A professora Patrícia Seibert Lyrio também destacou o impacto pedagógico e afetivo da chegada das correspondências. "Foi muito especial ver os estudantes abrindo as cartas, sorrindo, se surpreendendo. Esse retorno concretiza um sonho, conectar pessoas e culturas por meio da escrita. Hoje entendemos, na prática, como a Língua Portuguesa pode ser um elo poderoso", afirmou.
Para o professor moçambicano Cesário Lopes Manuel, o recebimento das cartas confirma o propósito da iniciativa. "Saber que as crianças, tanto no Brasil quanto em Moçambique, esperaram e agora receberam suas cartas com tanta alegria mostra que a comunicação afetiva ainda tem espaço. É um aprendizado que fica para a vida", destacou.
Josiany França, mãe do estudante Arthur Luiz, do 9º ano, compartilhou sua experiência ao participar da culminância do projeto. "Eu achei tudo muito interessante, porque meu filho estava com dificuldade para finalizar a carta. A professora até explicou que o texto dele já estava praticamente pronto, ele só não sabia encerrar. O Arthur gosta de fazer tudo direitinho, de passar a mensagem certa para as pessoas. Eu fiquei muito feliz com essa conexão que eles construíram. Estou muito contente e acredito que projetos assim deveriam acontecer em todas as escolas", falou.


