O Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Ocarlina Nunes Andrade, localizado em São Cristóvão, apresentou o "MusicONA Afrocentrado", um projeto construído de forma coletiva pela equipe escolar. A iniciativa integrou as atividades do projeto institucional "O mundo pode ser o meu quintal" e teve como foco fortalecer um currículo antirracista na Educação Infantil.
Durante todo o ano, ritmos, movimentos, histórias e vivências sensoriais foram cuidadosamente escolhidos para valorizar a ancestralidade indígena, africana e afro-brasileira. O objetivo foi garantir que cada criança pudesse reconhecer essas raízes como parte essencial da construção de sua identidade.
A proposta possibilitou que as crianças explorassem diversas linguagens, ampliando tanto o repertório da equipe quanto o repertório cultural dos pequenos. O conceito de "quintal" foi trabalhado como espaço simbólico de memórias, saberes e presenças dos povos originários e negros, reafirmando que o quintal do ONA é antirracista.
Nos planejamentos, a equipe construiu o roteiro da "Jornada de Mahura", personagem que guiou as experiências musicais, jogos rítmicos e expressões corporais por meio da dança. As crianças foram convidadas a vivenciar sons, gestos e narrativas carregadas de resistência, beleza e identidade. Um movimento chamado pela equipe de "afroencantamento".
Foto Divulgação
Musical do Cmei Ocarlina Nunes Andrade.
A professora regente do Grupo 5, Gislane Santos Gonçalves de Azevedo, destaca que a decisão pelo MusicONA afrocentrado foi tomada ainda no início do ano. Segundo ela, a equipe organizou em julho um momento formativo, no qual foram apresentadas diversas possibilidades de uma Educação Infantil afrocentrada e antirracista. "As apresentações do Musicona são resultado do trabalho de cada profissional envolvido e de cada projeto desenvolvido ao longo do ano", afirma a professora.
As crianças participaram de histórias envolvendo a Turma do Quintal, representando elementos da natureza, além da Capital Planeta e da própria Mahura, a menina africana que simboliza a narrativa central do projeto. Meio ambiente e relações étnico-raciais serviram como base comum das propostas.
O processo de criação da "Jornada de Mahura" foi pensado para garantir experiências significativas durante os ensaios e as apresentações. De acordo com a professora Gislane, foi emocionante observar o brilho nos olhos das crianças e o senso de compromisso demonstrado por elas, mesmo tão pequenas. "As crianças vivenciaram cada etapa de forma orgânica. Temos a certeza de que o sucesso do evento está diretamente ligado à alegria que elas expressaram", afirmou.