Publicada em 19/11/2015, às 10h47 | Atualizada em 19/11/2015, às 10h47
Por Syria Luppi, com edição de Matheus Thebaldi
Secretaria Municipal de Meio Ambiente em alerta com rejeitos da lama

O rompimento da barragem da mineradora Samarco em Mariana (MG), ocorrido no dia 5 de novembro, pode causar graves problemas ambientais no litoral do Espírito Santo.
Além da falta de água para milhares de consumidores, das mortes e da destruição de casas, o sedimento com produtos químicos usados pela mineradora para reduzir impurezas do minério de ferro pode alterar o curso das correntes à medida que endurece, reduzir os níveis de oxigênio na água, diminuir a fertilidade das espécies e comprometer todo o ecossistema marinho.
Preocupado com essa "catástrofe ambiental", o secretário municipal de Meio Ambiente, Luiz Emanuel Zouain, reuniu a equipe técnica da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) para avaliar o impacto do encontro dos rejeitos com o litoral de Regência, em Linhares, e que podem chegar a Vitória.
"A lama tem um comportamento diferente, mais lento, depende da vazão e da velocidade, mas atingirá a costa por conta do vento predominante em nossa região, que é o nordeste. Ao atingir Linhares, a tendência é de que chegue a Vitória", disse Paulo Rodrigues, oceanógrafo da Semmam que atua no Projeto Tamar.
Prejuízo
O prejuízo será grande para a cadeia marinha e também para os frequentadores das praias. A balneabilidade ficará comprometida, sem contar que pode afetar também os manguezais. "Com isso, a cata de caranguejo e a pesca terão que ser proibidas. Nada poderá ser consumido sem análise prévia", lembrou o secretário.
Discussão
Luiz Emanuel Zouain tem a intenção de promover uma discussão entre secretários municipais de Meio Ambiente das cidades costeiras do Espírito Santo que podem ser afetadas com os rejeitos da barragem mineira.
"É hora de nos unirmos para traçar ações a partir da gravidade que isso representa para nossas cidades. Proponho a criação de um fórum permanente de discussão sobre o tema. O meio ambiente é um só e os líderes também deve pensar nesse propósito, pois temos a maior biodiversidade costeira do Brasil por integrar a região dos Abrolhos, localizada entre o sul do estado da Bahia e norte do Espírito Santo", lembrou.
Monitoramento
Segundo o secretário, cada município deve, por exemplo, realizar monitoramento de sua costa, fazendo coleta de amostras da água para acompanhamento. "Os resultados devem ser compartilhados com os municípios vizinhos e o debate sobre os desafios na gestão dessa grave crise ambiental deve ser constante".
Outro aspecto abordado pelo secretário é a necessidade de discussão sobre os eixos ambiental, social e econômico, pois a inoperatividade da pesca, por exemplo, afetará a vida de milhares de famílias capixabas.