Publicada em 12/05/2022, às 13h25
Por Pedro Vargas (plrvargaseira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
1ª Mostra "Orlando Bomfim Netto" começa nesta sexta (13) com produções inéditas

Começa nesta sexta (13) a 1ª Mostra "Orlando Bomfim Netto" de Audiovisual. O evento inédito será realizado amanhã (13) e sábado (14), a partir das 19 horas, na sala Cariê Lindenberg do Sesc Glória, que fica no Centro Histórico de Vitória. Promovida pela Secretaria Municipal de Cultura, a mostra realizará o lançamento e exibição das oito produções de audiovisual derivadas do Edital de Chamamento Público nº 007/2021 de Seleção de Propostas de Produções de Audiovisual - Lei Aldir Blanc. As categorias contempladas são: documentário, videoclipe e animação.
O encontro é aberto somente para convidados e contará com a presença de artistas e produtores de audiovisual, titulares dos projetos, servidores da Cultura de Vitória e autoridades municipais.
Logo após o lançamento, cada produção, que contará com audiodescrição e legendas, será disponibilizada na plataforma dos proponentes.
A classificação indicativa dos projetos é livre.
Rosário dos Homens Pretos
A primeira produção a ser exibida é o documentário "Rosário dos Homens Pretos". Com direção de Ariny Bianchi o curta-metragem documental apresentará em 20 minutos a história da Irmandade Rosário dos Homens Pretos da Igreja Nossa Senhora do Rosário, localizada no Centro de Vitória.
"O documentário busca recuperar a história desta igreja e da irmandade, também como destacar a dualidade entre o sagrado e o profano que formou o nosso país através da cultura afro e sua miscigenação", afirma a diretora e roteirista Ariny Bianchi.
O trabalho conta com performance e parceria do artista e ativista Fabrício Hundou e pesquisa de João Paulo Lopes. A trilha sonora original é de Wanderson Lopez.
Após o lançamento o documentário fica aberto ao público por meio do canal do YouTube de Ariny https://www.youtube.com/c/ArinyBianchi
História de um avô
O segundo trabalho a ser exibido, "História de um avô" é retratado em Bom Jesus do Norte, no Espírito Santo, no ano de 1939.
Na animação de oito minutos, com direção de Wolmyr Alcantara e Francielli Noya, uma moedinha conta suas desventuras ao acompanhar um menino ao cinema pela primeira vez.
A animação poderá ser conferida no YouTube do coletivo Quadro a Quadro https://www.youtube.com/c/ColetivoQuadroaquadro
Sou negro
Dirigido por Cintia Braga, o clipe da cantora Monique Rocha retrata a história de um casal da realeza africana em plena favela brasileira, mostrando suas ruas, vielas e seus contrastes.
Interpretados por Monique Rocha e pelo compositor Jean Carlos, os personagens transitam no meio da mata, para transmitir a ideia de ancestralidade.
"Mostramos através do clipe que os negros não são descendentes de escravos e, sim, de reis e rainhas", destaca Monique.
Para representar a valorização da cultura afro-brasileira, o vídeo apresenta personalidades negras capixabas de vários segmentos, na área da educação, da política, da juventude, dos movimentos sociais, da diversidade de gênero e das artes.
Entre os convidados estão nomes como a atriz Suely Bispo, Zilda Aquino, do Bar da Zilda, a professora e especialista em samba Iamara Nascimento, o acadêmico Gustavo Forde, o músico Fábio Carvalho, o ator Markus Konká, o rapper Sagaz Bicho Solto, a empresária Priscila Gama, entre outros.
"Temos atores, poetas, intelectuais, cantores, bailarinos, personalidades do carnaval, pessoas do congo e do rap", descreve a cantora. "São pessoas que fazem parte da minha trajetória como artista e outras por quem tenho grande admiração", completa.
A composição chama a atenção pela originalidade e pelo andamento cadenciado, que remete ao banzo do povo negro em função da violência histórica da escravização.
"Este samba é um misto de influências. Tem um quê de ancestralidade e também um pouco de modernidade. É um samba diferente, original", finaliza Monique.
O videoclipe "Sou negro" fica disponível no canal do YouTube da cantora Monique https://www.youtube.com/user/moniquedarochaalves


Força, Coragem e Fé
O videoclipe "Força, Coragem e Fé", da banda Herança Negra, encerra o primeiro dia da mostra "Orlando Bomfim Netto".
A produção vem com o objetivo de divulgar a beleza e o orgulho do trabalho de pessoas que desenvolvem atividades culturais e comerciais no bairro Jesus de Nazareth em Vitória.
Inspirado no documentário de mesmo nome da banda Herança Negra, o curta com direção de Maurício Jacob conta a participação de personalidades do bairro, como o guia turístico Fernando Martins, o artista plástico Nico, os moradores Russinho, Clemildo, e Tina, além dos comerciantes da loja Art Tour, Bar do Bigode e Bar do Alemão.
"Força, Coragem e Fé" fica disponível após o seu lançamento no YouTube da banda Herança Negra https://www.youtube.com/c/Heran%C3%A7aNegraOficial
A 1ª Mostra "Orlando Bomfim Netto" de Audiovisual continua no sábado (14) com o lançamento de outras quatro produções. Confira a programação completa:
Sexta-feira - 13/05
- "Rosário dos homens pretos" (documentário) - Direção: Ariny Bianchi;
- "História de um avô" (animação) - Direção: Wolmyr Alcantara e Francielli Noya;
- "Sou negro" (videoclipe) - Artista: Monique Rocha / Direção: Cintia Braga;
- "Força, Coragem e Fé" (videoclipe) - Artista: Herança Negra / Direção: Maurício Jacob.
Sábado - 14/05
- "O Caminho das Mãos" (documentário) - Direção: Ricardo Sá e Jamilda Bento;
- "Saudades em Cor" (animação) - Direção: Arthur Felipe Fiel;
- "Chama Maré" (videoclipe) - Artista: Fepaschoal / Direção: Manel Fogo;
- "Marcha, Mastro e Fé" (videoclipe) - Artista: Arthur Navarro / Direção: Arthur Navarro.
Orlando Bomfim Netto
A mostra, realizada pela Semc, homenageia o roteirista, diretor, fotógrafo e cineasta Orlando Bomfim Netto, falecido no último mês de julho de 2021.
Natural de Minas Gerais, Bomfim fixou residência no Espírito Santo após ter morado no Rio de Janeiro. O roteirista foi o primeiro cineasta a registrar de forma sistemática aspectos da história e da cultura do Espírito Santo, em documentários que se tornaram um importante patrimônio para a cinematografia capixaba.
Conhecido pela produção de curtas e médias-metragens, foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas-Metragens do Espírito Santo (ABD Capixaba) tendo também presidido o Departamento Estadual de Cultura (DEC) do Espírito Santo.
No meio cultural o nome de Orlando Bomfim Netto, é destaque pela extraordinária contribuição para a cultura onde se inclui a preservação e defesa não apenas do patrimônio cultural capixaba e do país bem como do patrimônio natural, tão bem retratados nos documentários "Tutti, Tutti, Buona Gente, propriamente buona", sobre o centenário da imigração italiana em Santa Teresa; "Augusto Ruschi Guainaunbi", sobre o patrono da ecologia do Brasil, "Itaúnas: desastre ecológico", sobre o aterramento da antiga vila de Itaúnas, no norte do Estado, "Canto para a liberdade - a festa do Ticumbbi" entre outros.
Filho de Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior, o cineasta viveu para encontrar o paradeiro do pai, desaparecido na época da ditadura militar no Brasil. A triste memória se reflete em muitas de suas obras.
Em 1975 a família de Orlando Bomfim recebeu um telefonema anônimo, em que algum amigo de seu pai comunicava a prisão de Orlando e pedia que a família contratasse um advogado e comunicasse o fato à Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Preso nas proximidades da Vila Isabel o pai do cineasta nunca mais foi visto. O desaparecimento que persiste por quase 50 anos foi registrado no documentário "História Oculta" (de 2014).

