Publicada em 09/05/2016, às 14h02 | Atualizada em 09/05/2016, às 14h04

Por Lívia Albernaz, com edição de Matheus Thebaldi

Feras da natação paralímpica vão conduzir a tocha olímpica em Vitória


André Sobral
Atletas paralímpicos da natação
Tiozinho e Marquinhos não escondem a ansiedade para conduzir a tocha olímpica em Vitória
André Sobral
Atleta Paralimpico Tiozinho
Tiozinho é um colecionador de medalhas na natação

O dia 17 de maio vai ficar marcado para sempre na memória de Waldir Alvarenga Júnior, mais conhecido como "Tiozinho", e Marcos Vinícius Barcellos, atletas de destaque da natação paralímpica capixaba. É que eles estão entre os 150 condutores que vão carregar a chama olímpica pelas vias da capital e fazer parte do revezamento que antecede o início dos Jogos Olímpicos. 

"Receber a chama olímpica é uma alegria. Essa é a cidade que eu amo, e essa indicação para conduzir a tocha olímpica é um apoio importante para os paratletas", comentou Tiozinho.

"Para mim é uma honra conduzir essa chama e representar os atletas paralímpicos do Espírito Santo. É um privilégio e uma sensação única que vou levar para o resto da vida", disse Marcos.

Conheça a história dos dois condutores

Tiozinho: recordista brasileiro dos 50m borboleta

No dia 10 de maio de 1999, Tiozinho estava de carona e sofreu um acidente de carro, ficando tetraplégico. Foi na natação, nove anos depois, que ele encontrou uma força de viver. O ritmo de treinos é pesado: mas manhãs de segunda a sexta, musculação, e nas tardes de segunda a sábado, natação, sempre acompanhado do seu técnico, Leonardo Miglinas, no Álvares Cabral. Além da natação, ele já possui títulos no rugby, sua segunda paixão. 

Lembranças

"Quando eu andava, sempre praticava esportes. Joguei futebol no Vitória. Depois do acidente, um amigo meu, já falecido, foi quem me jogou na piscina. Ele contou do projeto (núcleo de esportes da Prefeitura) e, desde o primeiro dia, fiquei apaixonado. Isso me dá vida. Hoje, digo que o esporte me ajuda bastante pois a minha lesão dificulta na respiração. Graças à natação, eu tenho saúde de sobra. Só vou ao hospital para fazer exames de rotina", contou.

Conquistas

"Fiz minha primeira viagem a Brasília para um torneio regional que dá índice para o Brasileiro, onde ganhei três medalhas de prata, e a motivação cresceu bastante. A partir dali, em 2012, comecei a quebrar recordes. Já bati quatro vezes meu próprio recorde nos 50m borboleta. Sou ranqueado entre os melhores em cinco provas: 50 livre, 50 costas, 50 borboleta, 100 costas e 100 livre. Minha vida mudou mesmo: virei atleta profissional. Tenho uma esposa que me incentiva e quatro filhos. O projeto de paradesporto no Álvares Cabral só nos coloca para cima".

No último torneio de que participou, em fevereiro, em Curitiba, na Regional Rio-Sul 2016, ele competiu em sete provas individuais e dois revezamentos, medalhando em todas. "Foram nove medalhas, fora o troféu. Queríamos presentear nossos técnicos. A equipe está mais unida, e isso prova que, com união e dedicação, podemos conquistar mais resultados".

Marcos Vinícius Barcellos: um triatleta completo

Aos 17 anos, ele sofreu um traumatismo medular após levar um tiro e perdeu o movimento das pernas. Nunca se afundou na tristeza nem em lamentações. Hoje, aos 39, Marcos Vinícius Barcellos faz do esporte a razão da sua vida. Dividido entre três modalidades – natação, atletismo e ciclismo -, o paratleta, que é contemplado pela Bolsa Atleta Municipal, treina todos os dias no Tancredão buscando um único sonho: aumentar suas conquistas.

Carlos Antolini
Marcos Vinícius Atleta Paralímpico
Marcos Vinícius Barcellos também acumula várias conquistas no esporte
Carlos Antolini
Marcos Vinícius Atleta Paralímpico
Além da natação, Marquinhos gosta de andar de bicicleta e se aventurar no triatlo

"A lesão foi irreversível, mas, graças a Deus, tenho uma vida boa e sou feliz. Antes do acidente, eu praticava esporte somente como hobby e jamais imaginaria que um dia seria atleta de alto rendimento. Hoje, o esporte é minha vida pois ele me fez conhecer diversas partes do Brasil, amizades e perspectivas para o futuro", disse Marquinhos, como carinhosamente é chamado.

Trajetória

Marquinhos começou a sua carreira no paradesporto com o basquete sobre cadeira de rodas, mas foi na natação que descobriu a maior paixão. "Conheci o professor Fairo Brasil e fui para a água. Fui campeão brasileiro de revezamento em 2013, entre outras conquistas".

Triatleta

E ele não para por aí. Sonhando ser triatleta paralímpico, ele começou, em 2014, no ciclismo. O início foi pedalando a handbike, que é uma bicicleta pedalada com as mãos. E ele foi longe: mesmo com uma bike mais pesada, longe de ser a ideal para a disputa de competições, ele ficou em quinto lugar na primeira etapa do Brasileiro.

Agora, ele se prepara para disputar as próximas etapas do Nacional: Florianópolis (SC), em julho, Aracaju (SE), em setembro, e Niterói (RJ), em novembro.

Revezamento

A chama olímpica chega a Vitória no próximo dia 17 (terça-feira). A tocha vai percorrer nada menos do que 32 quilômetros em várias vias da capital, sendo o terceiro maior percurso entre os mais de 300 municípios pelos quais ela passará no Brasil.

Os condutores do símbolo olímpico vão passar por mais de 10 bairros. O evento terá início no píer da rua Marília de Rezende Scarton Coutinho, atrás do Shopping Vitória, na Enseada do Suá, com início previsto para as 13h30.

Wilbert Suave Silva
Natação Atletas Paralímpicos - Tiozinho
"Receber a chama olímpica é uma alegria", disse Tiozinho
Carlos Antolini
Marcos Vinícius Atleta Paralímpico
"Para mim é uma honra conduzir essa chama", afirmou Marquinhos
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