Prefeitura de Vitória

Uma saia feita de folhas secas de bananeiras. Os braços cobertos de meia. No rosto, uma máscara pintada de cores diversas, que esconde a identidade do João Bananeira com tecido colorido de chita. Personagem do Congo de Roda D'Água, em Cariacica, o mascarado que dança ao som da casaca e dos tambores visitou as crianças do Cmei Luiz Carlos Grecco, na Ilha de Santa Maria.

A figura do mascarado equilibra fantasia e realidade da identidade folclórica da congada e está presente no livro "Capixabinha na Região Metropolitana", da escritora Andrea Spindula. Por isso, o personagem João Bananeira foi convidado a estar no Cmei e a contar sua história à criançada.

Quem dá vida ao projeto "João Bananeira na escola" é o ator e coordenador de Carnaval e Manifestações Populares da prefeitura de Cariacica, João Alfredo Godô, mais conhecido como Godô.

De acordo com a pedagoga da unidade de ensino, Giselli Santos, a apresentação com o personagem João Bandeira está dentro do projeto institucional do Cmei para 2022, "O mundo mágico da literatura infantil e a arte de aprender". "Pontos importantes da cultura capixaba serão destacados e o personagem João Bananeira é um deles", ressaltou.

Cultura capixaba

Conhecer e vivenciar a cultura de onde vivemos, segundo a pedagoga Giselli, é sempre necessário e prazeroso. "Às vezes as histórias de luta e resistência se misturam e fazem o senso de pertencimento e entendimento ainda mais forte, mesmo se tratando de educação infantil", afirmou a pedagoga Giselli.

Para as professoras dos grupos 2 e 3, Jociane Barcelos e Marina Zanchetta, a atividade foi enriquecedora, uma importante integração entre a cultura das cidades de Vitória e Cariacica.

"Abrir o projeto institucional entendendo a história de João Bananeira, através do Alfredo Godô, foi enriquecedor. As crianças aprenderam de forma lúdica o porquê esse personagem do Congo de Roda D'água em Cariacica é tão misterioso e significativo", destacou a professora do grupo 4, Mônica Peccolo.

E quem dá vida ao João Bananeira, Alfredo Godô, também se diverte e se emociona ao levar um ícone da cultura capixaba à presença de crianças e estudantes já há 10 anos.

"A cada apresentação me surpreendo sempre. Vim contar a história de um mascarado para crianças tão pequeninas e fazer com que eles ficassem vidrados e participativos durante 40 minutos foi sensacional, todas as crianças se tornaram atores quando finalizamos com um cortejo de Congo. Se tornaram mascarados, músicos e os que vieram em caminhada no cortejo. Muito legal e super emocionante, fiquei em êxtase de felicidade", declarou o artista e coordenador de Manifestações Populares e Carnaval na Secretaria de Cultura e Economia Criativa de Cariacica.

Folclore

O personagem João Bananeira é reconhecido como Patrimônio Imaterial do município de Cariacica. Com o rosto coberto pela máscara e o corpo tapado com folhas de bananeira, o mascarado se junta ao cortejo acendendo o imaginário das rodas de congo.

Conforme relatos orais preservados nas comunidades, no meio da procissão católica em homenagem a Nossa Senhora da Penha, negros e escravizados, impedidos de participar do cortejo, colocavam máscaras para cobrir os rostos e até mesmo usavam meias nos braços para não serem identificados e, assim, se fazerem presentes.

A dança e a irreverência dos mascarados acompanham o som dos tambores e a voz dos congueiros que entoam antigas canções para homenagear a padroeira do Espírito Santo. A memória acompanha a história do congo de Cariacica, reforçada no ícone da manifestação popular representado pelo João Bananeira, chamado por alguns também de Zé Bananeira.