Publicada em 21/06/2016, às 17h57 | Atualizada em 21/06/2016, às 18h00
Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi
CRPD: pessoas com deficiência conhecem rotina em aeroporto e visitam avião


Pessoas com deficiência, limitações físicas, motoras, sensoriais ou cognitivas ou aquelas com transtornos metais e deficiência intelectual tiveram a oportunidade de conquistar novos voos e sonhar mais alto na tarde desta terça-feira (21), quando realizaram uma visita ao aeroporto de Vitória.
Elas estiveram acompanhadas de seus familiares e da equipe do Centro de Referência para a Pessoa com Deficiência (CRPD). No local, todos foram recebidos pela equipe da Infraero. Na ocasião, tiveram orientação sobre o procedimento de check-in dos passageiros, despacho de bagagens e normas e procedimentos de segurança para entrar e sair das aeronaves.
Durante o embarque no avião, Kátia Lopes da Silva, de 53 anos, que é deficiente visual, relatou a sua sensação: "A sensação de estar dentro de um avião não é boa, pois estou em um lugar fechado. Mas a atividade é valida, pois estou me sentindo valorizada e incluída na sociedade".
Já Juracy Correia, 61, que também é deficiente visual, ficou tranquilo: "Depois de 61 anos, tive a oportunidade de conhecer o aeroporto. Achei supertranquilo e pretendo, quem sabe, um dia viajar".
Com vontade de ir a Aparecida do Norte (SP), Marlene Fernandes Rocha agora disse que já pode planejar sua viagem com sua filha, Poliana Fernandes, 31, que é deficiente física. "Tenho muito vontade de levar minha filha a Aparecida. Por ser uma viagem longa de ônibus, não daria, pois ela sente muitas dores nas pernas e fica cansativo. De avião, isso já é possível".


Acessibilidade
Luciana da Penha Amorim acompanhou a filha Miryam Amorim, 16, que é autista. "Pude conhecer como é a acessibilidade nos aeroportos para quem tem alguma limitação, como é o caso da minha filha. Medo eu não senti, não sei se quando o avião subir eu vou um dia ter receio. Quero e vou juntar um dinheiro para conhecermos a Itália, pois a família do meu avô era de lá".
Luce Matilde, de 48 anos, que é deficiente auditiva desde os oito meses, quando teve meningite, contou que sentiu algumas dificuldades. "Nunca tinha entrado em um avião. Fiquei feliz, pois é bem confortável. Mas só senti um pouco de dificuldade na acessibilidade das informações. Por ser surda, o ideal é ter um intérprete ou algum vídeo para que eu possa entender o que o instrutor está orientando".
Fortalecimento
"No embarque e desembarque de algum portador de necessidade especial, sempre tem alguém da companhia aérea ajudando e auxiliando, segundo as normas vigentes. Para quem é deficiente físico ou tem alguma dificuldade de locomoção, o aeroporto oferece o ambulift, que é como se fosse um elevador ou uma plataforma elevatória suspensa para facilitar a acessibilidade dos cadeirantes", explicou Renan Barcelos, profissional de serviços do aeroporto há oito anos.
Convivência
A coordenadora do Serviço de Convivência para Pessoas com Deficiência da Secretaria Municipal de Assistência Social, Marcela Falcão, destacou a importância dessa atividade para a convivência das pessoas com deficiência.
"A importância está no reconhecimento do CRPD enquanto uma política pública para as pessoas com deficiência e na própria acessibilidade dos usuários. Nós entendemos que, aos poucos, as pessoas com deficiência estão sendo vistas como pessoas de direito, garantindo o acesso. Esse convite da Infraero veio fortalecer a lei brasileira de inclusão. Para muitos, foi a primeira vez no aeroporto e no avião. Tudo isso para nós, enquanto serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, tem grandes resultados, sendo uma conquista a mais dar essa oportunidade a esse público".

