Prefeitura de Vitória

Programação diversa, rodas de conversa, dinâmicas, apresentações preparadas pelas turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), palestras, painéis e exposições. Assim é o seminário "Não é sobre flores, mas principalmente por direitos!", organizado pela Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor Admardo Serafim de Oliveira (ASO), que ocorre nesta quinta-feira (12), na Emef Juscelino Kubitschek de Oliveira, localizada em Maria Ortiz. Os trabalhos dos estudantes colorem o auditório e os corredores  da escola onde o seminário é realizado nos três turnos: matutino, vespertino e noturno.

"A mulher não nasceu só para ser dona de casa, ela nasceu para ser livre. Ela tem que estudar para ser o que ela quiser. A mulher não é para ficar presa num fogão, num tanque, porque o marido não quer. Ela tem que ser o que ela quiser". A fala é da estudante Martina Alves, 67 anos, durante o 7º Seminário da Mulher EmefASO.

Martina frequenta a turma do 2º segmento da EJA, ofertada pela Emef Admardo no Núcleo de Interação Social da Pessoa Idosa (Nispi) "Carlos Moreira Santos", que fica no bairro Santo Antônio. A sede da Emef ASO fica Gurigica, mas, por meio das turmas de EJA, se espalha por toda a cidade e está presente em todos os territórios de Vitória.

"É muito bom esse retorno de acolhimento, de sentir vocês juntos. Esse momento é muito importante para nós. Nossas turmas são todas espalhadas por Vitória e hoje estamos aqui com as turmas, com os professores, cada um com a sua cultura, com a sua diferença, em nosso seminário", destacou a diretora da Emef EJA Admardo, Cleidimar Rosalino.

Histórias de empoderamento

Um dos objetivos do seminário é o empoderamento das estudantes, que são a maioria das matrículas na Educação de Jovens e adultos. Por isso, algumas delas compatilham suas histórias com os participantes.

Dayana Mary Souza Umbelino, 31 anos, é estudante da turma da EJA que atende o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua (Centro-POP). Depois que terminar o Ensino Fundamental, Dayana quer se formar em Psicologia.

"Sou uma mulher muito guerreira! Eu vivi na rua há 24 anos, usei crack durante 23, fui casada no papel por nove e, apanhei por nove anos. Hoje estou completando um ano e três meses sem usar a droga. Não é fácil ficar na rua. Eu era destruída, hoje estou bem melhor, hoje eu tenho a minha casa, reconquistei o amor da minha família. Há 23 anos eu não estudava e agora que voltei, tomei uma decisão. Eu quero ser Psicóloga para ajudar as pessoas que estão na rua a se levantar", afirmou ela.

Outra mulher presente no seminário foi Ziléia Cunha, 53 anos. Ela já terminou o ensino fundamental, frequentou a EJA, no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU), situado na região da Grande São Pedro. Hoje, é estudante de Segurança do Trabalho no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes).

"Cheguei até a escola através do tio Zé, ex-diretor do Cmei Magnólia (Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Magnólia Dias Miranda Cunha,que fica na Ilha das Caieiras). Ele me falou da possibilidade no CEU de São Pedro. Até então a minha vida era tranquila, mas monótona. Fui muito bem recebida na escola Admardo e me formei no ensino fundamental. De lá eu fui encaminhada para o Ifes, onde estou hoje. Só tenho agradecer à escola Admardo por ser a mulher que eu sou hoje. Em outubro, eu vou para São Paulo, participar de um seminário internacional", contou Ziléia.

Fazendo o papel de cerimonialista do seminário, Gercilia Maria de Jesus Silva, 57 anos, frequenta a turma da EJA ASO, no CEU de São Pedro. Seguindo o exemplo de Ziléia, Gercilia garantiu que não vai parar na EJA, ela quer mais. "Descobri essa escola e fui muito bem recebida, muito bem mesmo. Hoje eu tenho essa certeza, não pretendo parar de estudar".

Espaço para todos

A Educação de Jovens e Adultos de Vitória atende a estudantes a partir de 15 anos completos que não terminaram ainda o Ensino Fundamental. Não há limite de idade para fazer a matrícula.

"A gente é livre. O nosso tema é não é sobre flores, é sobre direitos. A gente quer direitos e precisa deles para todos, para todas as mulheres, as que estão nas ruas, as que não estão mais, as mulheres negras, brancas, as travestis, as mulheres trans, as que correm, as que têm dificuldade de caminhar", destacou a professora de Educação Física e Dança Ariane Celestino Meireles, que atua na Secretaria Municipal de Educação (Seme), na Gerência de Formação e Desenvolvimento em Educação (GFDE).

Presente na abertura do seminário, a subsecretária de Gestão Pedagógica, Luana Lemos, ressaltou a importância de ações como o seminário na EJA.

"Estou muito feliz de chegar aqui e ver um pouquinho da reflexão que vocês estão fazendo sobre o que a sociedade fala da mulher. O lugar da mulher é todo lugar. É importante estarmos nesse processo de refletir sobre a cultura, sobre o que é dito e falado da mulher. Certamente uma ação como essa é muito importante", pontuou.

Diretora da Emef Juscelino Kubitschek de Oliveira, Maria Aparecida Passini destacou a potência da Educação de Jovens e Adultos. "Que produção maravilhosa. Nós temos a EJA à noite aqui, no JKO, essa equipe é uma potência. Vitória merece, vocês merecem um trabalho fortalecendo cada vez mais essa educação. A rede é nossa, a escola tem que ser colorida e vocês são as cores".

Matrículas abertas

As matrículas na rede de ensino de Vitória ficam abertas ao longo de todo o ano letivo, nas secretarias das unidades de ensino. O estudante interessado em cursar a EJA deve levar o histórico escolar (para quem tem ensino fundamental incompleto), um documento de identidade e um comprovante de residência em Vitória.

Quem não possui o histórico escolar, realiza uma prova para classificação. Analisando o desempenho nessa avaliação, os professores indicam em que etapa o estudante pode se integrar.

Ampliação da EJA profissional

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) integrada à Educação Profissional foi ampliada para este ano letivo. Em 2021, eram 240 vagas. Para 2022, foram 1.482 vagas disponíveis para quem tem a partir de 15 anos e ainda não concluiu o Ensino Fundamental. Além da EJA profissional, também foram disponibilizadas 1.316 vagas para a EJA regular, totalizando 2.798 vagas para jovens e adultos na rede municipal de Vitória.

Com essa oferta de vagas, Vitória cumpre a meta 10 do Plano Nacional de Educação, que consiste em oferecer, no mínimo, 25% das matrículas na EJA de forma integrada à educação profissional.

Atualmente, são 1.334 estudantes matriculados na EJA regular e mais 600 estudantes matriculados na EJA profissional, totalizando 1.964 jovens e adultos matriculados na rede.

Ainda há vagas abertas e os interessados podem fazer a matrícula. São sete unidades de ensino ofertando o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja), com os cursos de Informática Básica, Auxiliar de Eletricista, Operador de Computador, Segurança do Trabalho, Mecânica, dentre outros que poderão surgir a partir das necessidades do público da EJA.

E mais seis unidades de ensino que ofertam a EJA Concomitante, com os cursos Afro Estética, Cursos Náuticos, Cuidador de Idosos, Eletricista, Informática Básica e Segurança do Trabalho, ambas no turno noturno.

Conheça os cursos disponíveis junto à formação profissional

EJA Profissional (de segunda a quinta-feira)

Cursos: Informática Básica, Auxiliar de Eletricista, Operador de Computador, Segurança do Trabalho, Mecânica, dentre outras possibilidades que poderão surgir em conformidade com as necessidades do público da EJA.

• Emef Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo, em Jardim Camburi
• Emef Ceciliano Abel de Almeida, em Itararé
• Emef João Bandeira, em Consolação
• Emef Juscelino Kubistchek de Oliveira, em Maria Ortiz
• Emef Neusa Nunes Gonçalves, em Nova Palestina
• Emef Suzete Cuendet, em Maruípe
• Emef Vercenílio da Silva Pascoal, em Joana D'Arc

EJA Concomitante (às sextas feiras)

Cursos: Afro Estética, Cursos Náuticos, Cuidador de Idosos, Empreendedorismo, Eletricista, Informática Básica, Segurança do Trabalho, com possibilidades de ampliação para novos cursos.

• Emef Alvimar Silva, em Santo Antônio
• Emef Castelo Branco, em Ilha do Príncipe
• Emef Edna de Mattos Siqueira Gaudio, em Jesus de Nazareth
• Emef Francisco Lacerda de Aguiar, em São Pedro
• Emef Mauro Braga, em Santa Tereza
• Emef Padre Anchieta, em Ilha de Santa Maria
• Emef Prezideu Amorim, em Bonfim