Publicada em 16/03/2010, às 12h00 | Atualizada em 16/03/2010, às 13h25

Por Kiki Givigi, com edição de Deyvison Longui

Manguezais receberão 20 mil larvas de caranguejo em ação de repovoamento


Foto Divulgação
Caranguejo uçá
O repovoamento do mangue vai possibilitar a manutenção da biodiversidade e a geração de renda

Está programado para o dia 5 de abril a soltura de cerca de 20 mil megalopas - larvas de caranguejos-uçá - no manguezal de Vitória.

Esse foi o resultado da primeira visita da diretoria da União de Catadores de Caranguejos de Vitória (UCCV) ao Laboratório da Base Oceanográfica da Universidade Federal do Espírito Santo, em Aracruz, onde está sendo desenvolvida a pesquisa sobre o repovoamento do manguezal.

Os diretores da UCCV foram convidados pela Companhia de Desenvolvimento de Vitória (CDV) para conhecer a pesquisa "Repovoamento do caranguejo-uçá, Ucides cordatus, visando a manutenção da biodiversidade e geração de renda" financiada pelo Fundo de Apoio a Ciência e Tecnologia, desde novembro de 2008.

Os recursos, que totalizam R$ 53.689,00, destinam-se à compra de equipamentos, tanques, tubulações, vidrarias e alimentação para as larvas, o que permitiu o estocamento de milhões de zoes - larvas em estágio inicial - em dez tanques devidamente preparados.

Os catadores comprometeram-se a trazer ao laboratório uma dúzia de fêmeas de caranguejos com ovos para a produção de mais duas solturas de larvas ainda no primeiro semestre. "Temos dificuldade de obter as fêmeas", argumenta Luiz Fernando Loureiro Fernandes, doutor em oceanografia e coordenador da pesquisa.

Segundo o superintendente de Desenvolvimento Sustentável da CDV, Henrique Zimmer, a companhia está cumprindo seu papel quando dá apoio a projetos que podem tornar-se sustentáveis. "A preocupação com a biodiversidade é assunto na pauta nacional, repovoando o mangue estamos participando desta importante pauta", diz Zimmer.

Desenvolvimento

Kadidja Fernandes
Caranguejo no mangue de Vitória
Está programado para o dia 5 de abril a soltura de cerca de 20 mil megalopas - larvas de caranguejos-uçá - no manguezal de Vitória

Até que o caranguejo chegue à fase adulta e torne-se produto comestível, são despendidos de seis a sete anos. A fêmea produz ovos a partir dos cinco anos. Mas, esse processo natural foi alterado pela doença do caranguejo letárgico (DCL), que faz com que o animal contaminado não reaja a estímulos e não resista à manipulação, morrendo em cerca de doze horas.

Além da doença que atinge os crustáceos, a poluição do mangue pode exterminar as larvas. "Variações causadas pela poluição de detergentes ou óleo, por exemplo, produzem alterações no metabolismo que podem levar à morte", diz Rodrigo Matos de Souza, aluno do doutorado de oceanografia e integrante da equipe da pesquisa.

No laboratório, toda alimentação é feita por microalgas cultivadas lá mesmo e espécies de zooplancton compradas no mercado. Todos os cuidados são necessários e, mesmo assim, algumas perturbações podem causar descontroles. "No ano passado, por exemplo, tivemos uma contaminação por bactérias nos tubos de oxigenação dos tanques, mas para chegar até a identificação foi necessário a montagem de um laboratório de microbiologia", justifica Luiz Fernandes.

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