Publicada em 04/10/2021, às 18h07 | Atualizada em 04/10/2021, às 18h07
Por Regina Freitas, com edição de Andreza Lopes
Projeto Fazendo Arte apresenta trabalhos produzidos


A tarde da última quinta-feira foi marcada por um encontro entre as empreendedoras participantes do Projeto Fazendo Arte com a Secretaria de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid) e o Instituto Bem Brasil.
O encontro, que foi realizado na sede do Projeto, no Parque Moscoso, foi uma oportunidade para presentar os resultados obtidos por meio do projeto, e contou com a presença de secretários municipais de Vitória e da gerente do fundo municipal do PROCON.
Para a professora aposentada, Telma de Souza Mauro, de 73 anos, moradora do Parque Moscoso, participar do projeto tem sido uma terapia. “Frequento o projeto desde que começou e tem sido a melhor terapia. Quando descobri que tinha Alzheimer, há alguns anos antes de conhecer o projeto, foi um tempo difícil, fiquei muito deprimida e triste, mas aqui me sinto renovada. Todos me ajudam e participo das aulas, faço crochê e já estou fazendo um tapete para minha nora”, contou.
Para a artesã, Ana Claudia Evangelista, mulher trans, moradora da Ilha do Príncipe, a casa é um lugar de acolhimento sem nenhum tipo de preconceito. “Fui usuária de drogas por 15 anos, morei três anos na rua, e depois de passar pelo Centro Pop vim conhecer esse lugar, que me ajudou muito. Sou cabeleireira de formação, mas hoje vivo do meu artesanato, como a confecção de várias peças. Cheguei aqui sem saber pegar na agulha, hoje faço tricô, crochê. Tenho minha casa e estou estudando. Aqui é um lugar de transformação”, afirmou ela.
A jovem chilena, Maria Fernanda Perez, de 28 anos, que reside no Brasil há alguns anos, conta que na casa do “Fazendo Arte” recebeu muito afeto, aceitação como artista e agora consegue com suas peças ter sua casa, o que é um sonho para ela. “Vivi alguns anos em ocupação, o que me deixava muito triste, mas hoje já posso viver da minha arte”, comemorou.
Resultados
Para a Secretária de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid), Neuzinha Oliveira, a fala dessas mulheres mostra os resultados desse projeto. “Uma coisa é o projeto no papel, outra é ver na ponta, ouvir o relato dessas mulheres. A ordem do prefeito Pazolini é trabalhar para que projetos bons e sérios cheguem à ponta”.
A gerente do Procon de Vitória, Denize Izaita, falou sobre o trabalho das mulheres. “Estamos visitando os projetos e tenho ficado impressionada com o trabalho realizado e aqui é mais um local de grande importância para as mulheres”.
O local
A coordenadora do Projeto Fazendo Arte, Monica Rezende, ressaltou que muitas mulheres chegam ao local em situação de vulnerabilidade, outras enviadas pelas unidades com depressão, crises de ansiedade e aqui encontram um lugar acolhedor.
“Quando pensamos onde colocarmos a casa, em 2019, queríamos um local neutro, onde todas as mulheres de todos os bairros do território pudessem vir e aqui foi o melhor lugar. Hoje, temos mulheres que vem duas, três ou todos os dias da semana. E chegam aqui achando que não podem fazer nada, mas com o apoio de todos aprendem e descobrem talentos, como desenho, macramê entre outras artes, mas principalmente, o resgate do empoderamento feminino. E um trabalho que não agrida o meio ambiente”, afirmou Mônica.
Já estão previstas uma feira, uma exposição de fotos e uma exposição para vendas das peças das artesãs. A proprietária da Casulo Showroom, Vivian Dalla, disse estar muito animada para colocar as peças em seus espaços, no Centro e no Shopping Rio Branco. “Queremos divulgar o artesanato capixaba e as peças desse projeto são únicas e lindíssimas”, afirmou.
O gerente de Qualificação do Trabalhador, Ailton Duarte, comenta que esse trabalho é um fortalecimento do trabalho artesanal das mulheres envolvidas. “Temos peças exclusivas, com a história de cada mulher. Não é apenas uma peça, mas forma de repassar uma história. Elas já vêm recebendo pedidos com essa mesma proposta, que a peça conte a história da pessoa, da família”.
O Projeto
O projeto Fazendo Arte busca o incentivo de empreendedorismo feminino e tem 360 mulheres participantes até o momento. São promovidas diversas oficinas, palestras e eventos, nas áreas de artesanato, empreendedorismo, e desenvolvimento pessoal, tudo para que possam comercializar seus produtos, feitos de forma totalmente artesanal, sem uso de química, plástico ou mesmo tinta industrializada.
O projeto, que atende o território do Centro de Vitória (Fonte Grande, Piedade, Parque Moscoso, Centro, Bairro do Moscoso, Santa Clara, Vila Rubim, Ilha do Príncipe e Bairro do Quadro) é uma parceria entre o Instituto de Desenvolvimento Social Bem Brasil e a Secretaria Municipal de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho (Semcid)/Gerência de Qualificação do Trabalhador, por meio do Fundo Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor.

