Publicada em 26/11/2015, às 15h53

Por Carmem Tristão, com edição de Matheus Thebaldi

Relatos emocionantes marcam o Ciclo de Diálogos Curriculares da EJA


Divulgação Seme
Ciclo de Diálogos Curriculares
Estudantes e profissionais da EJA estão participando do Ciclo de Diálogos Curriculares
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Ciclo de Diálogos Curriculares
Encontro é uma oportunidade para que alunos discutam sobre desafios e necessidades da Educação de Jovens e Adultos

Ao som da música "Comida", de Titãs, que fala sobre desejos, vontades e necessidades do brasileiro, alunos afixaram no quadro placas com as palavras educação, solidariedade, cidadania, organização, liberdade e autonomia para abrir o I Ciclo de Diálogos Curriculares com estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede pública de Vitória, na noite desta quarta-feira (25).

O evento aconteceu na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Francisco Lacerda de Aguiar, em São Pedro, e reuniu representantes da Secretaria Municipal de Educação (Seme) e estudantes e profissionais da unidade e das Emefs Alvimar Silva, José Lemos de Miranda, Mauro Braga, Maria Stella de Novaes, Neusa Nunes Gonçalves e Vercenílio da Silva Pascoal.

"Os estudantes souberam retratar muito bem a temática do encontro, que vai falar sobre os desejos, as necessidades e os desafios daqueles que compõem a EJA, entre alunos e profissionais. Essas palavras têm pautado o nosso currículo. São palavras de ordem, principalmente em um momento de violência exacerbada, crime ambiental, terror, tráfico e muito mais. Assim, esse vai ser o espaço para que todos possam dizer o que pensam e desejam para a modalidade", disse a coordenadora da EJA da Seme, Mariane Berger.

Depois da abertura, eles se dividiram nos grupos de trabalho "esperança", "inclusão" e "diversidade". Para encerrar o evento, os participantes realizaram plenária para apresentar os principais pontos discutidos nos grupos.

Histórias de vida

"Eu não tenho vergonha de ter 18 anos e estar na quinta série. Sou novo, tenho uma história sofrida e tenho uma filha por quem eu vivo e a quem quero dar uma vida sem dificuldade financeira. Quero proporcionar a ela aquilo que eu não pude ter. Para isso, preciso de um bom emprego. E isso só a educação pode me oferecer. A gente precisa aproveitar esses momentos de discussão para fazer as nossas considerações e sugestões", disse João Luiz Campos DaMatta Neto, que tem 18 anos e é aluno da 5ª série da Emef Alvimar Silva.

"Parei de estudar aos 11 anos porque precisei colocar dinheiro dentro de casa. Fui trabalhar e, desde então, sustento minha mãe e meus irmãos. Houve dias em que pensávamos em como fazer para comer. Não fosse a ajuda dos vizinhos, não sei o que seria de nós. Mas eu sabia que um dia eu iria dar a volta por cima. Voltei a estudar e uso o uniforme com orgulho. Estudar é vergonha? Querer crescer, se formar, fazer uma faculdade e se estabelecer é vergonha? Para mim, não", contou Clauber Wilkson Levoni, estudante do segundo segmento da Emef Mauro Braga.

Combate à violência contra a mulher

O Dia Internacional do Combate à Violência Contra a Mulher, comemorado nesta última quarta-feira (25), foi lembrado pela professora Heloísa Ivone da Silva de Carvalho, coordenadora da Comissão de Estudos Afro-brasileiros e Comissão de Educação das Relações Étnico-raciais (Ceafro/Cerer) da Gerência de Formação e Desenvolvimento em Educação (GFDE) da Seme. Ela também é presidente do Conselho Municipal de Direitos Humanos de Vitória e diretora da União de Negros Pela Igualdade (Unegro).

"O Espírito Santo é o estado que mais mata mulheres no Brasil. No ranking mundial, ele vergonhosamente ocupa o 3º lugar. E o que isso tem a ver conosco? Tudo. Porque as mulheres são a maioria na Educação de Jovens e Adultos. Portanto, este espaço vai servir para analisar como temos nos relacionado com o outro. Precisamos nos educar para passar valores de vida para as nossas filhas e netas para que elas não passem pela mesma situação das mulheres que estão sendo assassinadas dentro de suas próprias casas. Fica aqui o convite para estudar e entender a Lei Maria da Penha", recomendou a professora.

Próximos encontros

Outros dois encontros vão acontecer nesta quinta-feira (26) e também no dia 3 e vão reunir os estudantes e profissionais das Emefs Aristóbulo Barbosa Leão, Professor Admardo Serafim de Oliveira, Castelo Branco, Edna de Mattos Siqueira Gaudio, Padre Anchieta, Prezideu Amorim, Paulo Roberto Vieira Gomes, Suzete Cuendet, Emef Álvaro de Castro Mattos, Arthur da Costa e Silva, Adevalni Sysesmundo Ferreira de Azevedo, Ceciliano Abel de Almeida e Juscelino Kubitschek de Oliveira.

Diálogos curriculares

O I Ciclo de Diálogos Curriculares com estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Vitória tem o objetivo de promover discussões com os estudantes da EJA relacionadas às questões curriculares: organização dos espaços/tempos, metodologias utilizadas pelos professores, processos/práticas avaliativas, motivações para as aprendizagens, desafios no processo ensino e aprendizagem, sentidos da escola e as interrelações na escola.

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Ciclo de Diálogos Curriculares
Participantes foram divididos em grupos de trabalho para discutir as temáticas do encontro
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Objetivo do encontro foi discutir propostas curriculares para a modalidade EJA
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