Publicada em 26/05/2023, às 18h35 | Atualizada em 26/05/2023, às 18h35
Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes
Serviços de convivência são uma "incubadora" de potencialidades

De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), integra o conjunto de serviços do Sistema Único da Assistência Social (Suas), ofertando à população que vivencia situação de vulnerabilidade social novas oportunidades de reflexão acerca da realidade, contribuindo dessa forma para o planejamento de estratégias e na construção de novos projetos de vida.
Em Vitória, o serviço da Secretaria de Assistência Social (Semas) pode ser apresentado, também, como "incubadora" de potencialidades. A cada visita a uma das 21 unidades de atendimento em funcionamento no município, um relato diferente de casos de crianças, adolescentes, pessoas com deficiência ou idosos que no espaço deixou desabrochar sua potencialidade seja nas artes em geral e, principalmente, na arte da convivência.
No SCFV Solon Borges, por exemplo, a família do Rômulo Monteiro, de 13 anos, está encantada com a desenvoltura do adolescente com a música. A mãe, Viviana Monteiro, disse que vê-lo tocar foi a realização de um grande sonho de toda família. "Rômulo era o único da nossa casa que não tocava nenhum instrumento. Fiz de tudo pra ele se interessar, mas sem sucesso", revelou. Mas, nas oficinas ofertadas no SCFV Solon Borges, o interesse do adolescente para a música desabrochou.

"Fui surpreendida de tal forma que não pude nem controlar as lágrimas e minha mãe (avó) lá, na Bahia, chorou tanto quanto eu. Era o sonho dela também", declarou. Emocionada com o desempenho do filho, Viviana disse que "ver um autista, conseguindo interagir em grupo, apesar das dificuldades que ele tem é emocionante", conta.
Vendo o que aconteceu na vida do adolescente, Viviana disse acreditar que "uma equipe focada e dedicada, como a do SCFV Solon Borges, é possível mudar o rumo da história de qualquer criança ou adolescente independente do espectro ou limite que eles têm".
Para ela, a participação do filho no serviço foi essencial para florescer a potencialidade dele para a música.
Compromisso
Para a coordenadora do SCFV Solon Borges, Tatiane Galvão, o relato da família de Rômulo reafirma o compromisso diário da equipe de acolher e contribuir para ampliação do acesso de pessoas com deficiência nos serviços da Assistência Social e a direitos.
No Centro de Convivência para crianças e adolescentes Nova Palestina, mais conhecido como Cajun Nova Palestina, Brayan Pereira Batista (11) vem se transformando uma potencialidade para dedicar-se aos estudos. Enquanto que Pyetra Januário (11) ampliou seu leque de habilidades para além da música e literatura.
Desde os seis anos participando de atividades no espaço, Pyetra disse que foi gostando das oficinas de artes e, a partir daí foi buscar na internet e redes sociais mais informações sobre grandes pintores. "Comecei a ver as pinturas de Van Gogh (1853-1890) na internet e no Tik Tok. Agora, quero ver uma exposição de verdade", contou Pyetra.
Foi no SCFV que a menina desenvolveu, também, seu amor pela leitura e pela música, mas, para Pyetra, o maior aprendizado foi "ser gentil e educada". "Isso foi importante para fazer amizades e, com certeza, vai me ajudar a conquistar o sonho de ser cantora", destacou.

Potencialidades
Para Brayan Pereira, as oficinas ofertadas no espaço despertam outras potencialidades entre as crianças e adolescentes que participam do Cajun, além do que está sendo oferecido.
Neste momento, solicitei a Brayan que explicasse melhor. "Quando estamos fazendo uma atividade precisamos de disciplina para aprender e realizar. Com disciplina, por exemplo, acredito que vou conseguir fazer faculdade de Direito. Ter disciplina se aprende, desenvolve", disse o menino.
Para a gerente dos SCFV da Semas, Cristina Silva, esses relatos comprovam a importância, a eficácia e a potência dos serviços oferecidos no nível da Proteção Social Básica do Suas. "É isso que o Suas preconiza. O Suas propõe o enfrentamento das situações de vulnerabilidades por meio de ações centradas no fortalecimento da autoestima, dos laços de solidariedade, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários", falou.
Para a secretária de Assistência Social, Cintya Schulz, esses relatos dão a segurança e a certeza de que os trabalhadores do Suas Vitória estão construindo histórias, promovendo a convivência, ressignificando experiências de vulnerabilidade dos usuários dos serviços da Assistência Social de Vitória, e, principalmente, dando a garantia de acesso a direitos.
"Segurança de convívio, acolhida e autonomia são as aquisições dos nossos usuários no Suas e é importante treinar nosso olhar para identificar todo potencial que as pessoas e os territórios tem", reforçou a secretária.