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Arte: abrigo da capital se transforma em ateliê de pintura para artista plástica

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Por Rosa Blackman (rosa.adrianaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes


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Foto Divulgação
Acolhida do Abrigo PSR Ana Lilia Conti
Ana Lilia Conti, acolhida do Abrigo PSR.

"A vida tem a cor que você pinta." A frase dita pelo sacerdote Mário Bonatti tem encontrado respaldo nas palavras e nos quadros de eucatex (chapa dura de fibras de eucalipto) produzidos pela acolhida do Abrigo para Pessoas em Situação de Rua, mais conhecido como Abrigo PSR, Ana Lilia Conti, de 57 anos. Há oito meses no Abrigo, ela já pintou dezenas de quadros que estão acomodados no quarto que ocupa e divide com outras três mulheres no Abrigo.

"Os quadros são minha salvação", afirmou ela. Lilia lembrou que o primeiro quadro feito nas ruas foi pintado com as mãos (sem o auxílio de pinceis). Ela também usou outros materiais, como batom, lápis de olho e outros itens comumente usados para maquiagem e, um desses chamou atenção de um turista alemão que passava férias na praia da Curva da Jurema. 

"Foi minha primeira venda. Depois disso, cheguei a vender 15 a 20 quadros por dia nos semáforos ou na praia", revelou ela. Artista plástica autodidata em situação de rua desde 2017 passa seus dias a pintar quadros dentro do Abrigo e os comercializa nos semáforos na região da Enseada do Suá e Curva da Jurema. 

Ao ser questionada sobre a trajetória que a levou às ruas de Vitória, Lilia disse sem titubear: "A depressão e conflitos familiares. Perdi tudo, perdi casa, a família, os filhos. Sem nada fui parar nas ruas. Eu tinha uma situação financeira boa", falou ela.

Visivelmente emocionada, a artista plástica desabafou: "O tempo não volta. O importante é eles estarem junto comigo no meu recomeço. O importante é que estou aqui. As pessoas tem que aproveitar da minha presença agora", disse ela. 

A artista plástica disse que os quadros expostos debaixo de um dos vãos da Terceira Ponte sempre chamaram atenção da população que circulava na região da Enseada do Suá e as vendas garantiam o sustento. "Nunca precisei fazer coisa errada para me alimentar, mas estar na rua é horrível. As pessoas que me rejeitam tem mais problemas do que eu", avalia Lilia. 

Ela contou que o contraditório de estar nas ruas é que as pessoas a veem pintado debaixo da ponte, elas param para comprar seus quadros e, estando dentro do Abrigo a maioria das pessoas que doavam tintas, produtos para suas produções passam a achar que ela não precisam de mais nada. 

A gerente de Proteção Social Especial de Alta Complexidade da Secretaria de Assistência Social de Vitória (Semas), Anacyrema Silva, explicou que o Abrigo PSR é um espaço seguro para acolhimento, sendo ofertado alimentação, higiene e acompanhamento psicossocial e a garantia de acesso a direitos e serviços essenciais, através de encaminhamentos para as demais políticas públicas.

Soraya Mannato, secretária de Assistência Social da capital, reforçou o papel e a importância dos espaços de acolhimento institucional de Vitória no apoio à superação da situação de rua.