Atleta de 79 anos é exemplo de superação nas corridas e na vida
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Por Paula M. Bourguignon, com edição de Josué de Oliveira
Guiomedce Paixao
Dona Zilda aos 79 anos esbanja disposição e coleciona medalhas de corridas que já participou
Guiomedce Paixao
Cada medalha que ela guarda com orgulho é o resultado da superação e amor ao esporte
Com um sorriso simples e um olhar de gratidão pela vida, faça chuva ou faça sol, Zilda Vieira, aos 79 anos, pratica atletismo quatro vezes por semana no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), onde treina com o professor Luiz Cláudio Locatelli.
Apesar de ter o braço e a perna do lado esquerdo atrofiados após nascer com microcefalia e superar dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), recentemente Zilda conquistou três medalhas de ouro em uma competição em Curitiba: corrida de 100 metros rasos, lançamento de disco e dardo.
“Foram três dias de competição. Fui com a vontade de vencer, porque, se eu não for assim, nem vou. Queria voltar com a medalha para o Espírito Santo. Foi uma conquista pessoal minha", explicou Zilda.
Convivência
Há mais de dez anos Zilda frequenta duas vezes por semana o Centro de Convivência para a Terceira Idade (CCTI) do Centro, onde faz oficinas de música. “O CCTI significa muita coisa para mim. É importante para conviver bem e tenho muitos amigos aqui dentro. É um espaço de lazer. Participo das oficinas de música, mas já fiz teatro também".
O seu esforço é reconhecido pelos profissionais. “Ela é muito dedicada, alegre e participativa. Nesse local, ela encontra uma forma de sempre interagir com os outros idosos", disse o educador social de música Junior Anardino José da Silva Júnior.
Trajetória
A primeira vitória dela foi para viver. Zilda nasceu com microcefalia e teve que superar dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs).
"Minha vida não foi fácil. Tive que vencer a microcefalia logo que nasci e depois dois AVCs. Desde novinha fui criada em um orfanato, depois em uma padaria atrás do Theatro Carlos Gomes. Às vezes balançava no pé de jaqueira e brincava de pique”.
Dona Zilda atualmente mora sozinha, divide a casa onde vive com uma gata de estimação. Ela conta que acorda cedo, às 4 horas da manhã, para as tarefas do lar. "Faço tudo dentro de casa, almoço e lavo minha roupa na mão".
Ela conta também que o esporte é uma das suas maiores paixões. "O que o esporte significa para mim? Minha vida é o esporte. Não existe tempo ruim. Vivo para ele. Saúde em primeiro lugar. Enquanto Deus me permitir e viver, quero sempre praticar alguma atividade".
Exemplo
O coordenador do CCTI do Centro, Paulo Cassa, diz que Zilda é um exemplo e inspiração para todos. "Ela incentiva os jovens a terem mais dedicação, disciplina e metas para conquistar seus objetivos. Porque ela é muito esforçada e consegue chegar aonde ela quer e tem suas próprias metas e luta para isso", disse.
Liberdade
"Na terceira idade que nos tornamos mais jovens, com mais liberdade. Tenho um coração puro, igual de uma criança. Brinco com as crianças, coleciono as surpresas dos ovos de páscoa e corro. Assim vou vivendo, até quando Deus me der pernas para isso", disse Zilda.