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Brasilidades no show do "Pó de ser Emoriô" no Intercâmbio Cultural Giramundo
Publicada em
Por Leo Vais, com edição de Matheus Thebaldi

Afro-samba-rap-funk-jazz tropicalista, ou então world music, definição utilizada para os trabalhos musicais feitos fora dos Estados Unidos, mas que, para o cantor Gilberto Gil, é simplesmente a música dos povos do mundo. "Somos, portanto, música do mundo do Brasil". É assim que Thiago Perovano, voz, violão e guitarra do "Pó de ser Emoriô" define o som da sua banda, uma das atrações do Intercâmbio Cultural Giramundo.
O evento acontece em dois momentos distintos: primeiro nesta quinta-feira (26), no Museu Capixaba do Negro (Mucane), com um bate-papo voltado para profissionais da área sobre trabalho autoral e música popular, a partir das 17 horas.
No sábado (28), acontecerá o Festival Cultural, na Pedra da Cebola, a partir das 11 horas, com uma série de intervenções artísticas, além da programação de shows. Às 17 horas, apresenta-se a banda de congo Panela de Barro; às 17h30, Pó de Ser Emoriô; às 18h30, Amores da Lua; às 19 horas, André Prando; e às 20h30, Clinton Curtis Band.
Empatia
A banda Pó de ser Emoriô é formada por Aline Hrasko (voz), Yuri Guijansque (violão, voz e cavaco), Manel Fogo (baixo), Henrique Paoli (bateria), Vitor Lima (saxofone), Edu Szajnbrum (percussão), além de Thiago Perovano. A banda lançou em fevereiro deste ano o primeiro álbum, que tem o mesmo nome do grupo, com um show no Theatro Carlos Gomes.
O sucesso da apresentação foi tão grande que dezenas de pessoas ficaram do lado de fora do teatro. "Ficamos muito felizes e surpresos pela lotação do teatro e tristes pelas pessoas que não puderem nos assistir naquele momento especial", disse Aline.
Para ela, a empatia do público pelo som do Emoriô pode estar ligada ao "fato de sermos um supergrupo, com vários artistas envolvidos, o que aumenta bastante a diversidade do nosso conceito artístico, seja na música, na performance corporal, na poesia, e tudo isso consequentemente estimula nosso poder de atração. Juntos, somos sempre mais", explicou.
"O fato de tocarmos maquiados, feito bichos, um tanto quanto enlouquecidos, com um repertório bem diverso que passeia por ritmos diversos e afecções em vários graus, é um dos pontos altos das apresentações. No final das contas, existe a lei do universo, que conspira. Se ela está a nosso favor, vamos procurar fazer bom uso disso", disse Perovano.
Conexão musical

A música, além de ser o canal de expressão artística da banda, é também a base para que eles estabeleçam a arte do encontro, que, segundo Thiago, é fundamental para o grupo. "Através da nossa música, nos encontramos ou nos religamos com a energia divina, com nosso Deus interior, com o que há de uno em nossas particularidades e, num fluxo contínuo e natural, nos encontramos com o legado de quem fez a arte antes de nós, influenciando em nossas escolhas", explicou ele, que cita, entre outros, o cantor Gilberto Gil como uma grande influência. "Gil é uma fonte muito rica de musicalidade, sabedoria e poesia que irrigou e continua a irrigar o processo de criação do grupo".
Intercâmbio
A possibilidade de reunir em um mesmo palco artistas de vários estilos musicais é uma das coisas que mais empolgam a cantora Aline no Intercâmbio Cultural Giramundo. "Esse tráfego musical sem fronteiras que é o grande barato, cheio de riqueza, da pós-modernidade. A gente tem mais é que se apropriar dessas possibilidades, transformar a globalização numa rede sincera de compreensão mútua mundial".
Thiago acredita que o Festival Cultural vai ser um momento particularmente especial do evento. "O Parque Pedra da Cebola, por si só, já é um ambiente místico e apto pra celebrações das mais bonitas. E a Prefeitura convidou coletivos e artesãos pra deixar o dia culturalmente ainda mais diverso e enriquecido. Acho que o público vai curtir um daqueles eventos que vão ser lembrados por muito tempo. É o que a gente espera, sinceramente".
Intercâmbio
O evento, que é uma realização da Prefeitura de Vitória em parceria com o Consulado Americano, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semc) e da Ação Circuito Cultural, surgiu de uma visita oficial do Consulado a Vitória, no segundo semestre de 2013, quando foi realizada uma série de visitas a espaços para ações culturais e sociais destinadas à juventude, como a Escola Técnica de Teatro, Dança e Música Fafi, o Mucane, o Centro de Referência da Juventude (CRJ) e o próprio Circuito Cultural.