Publicada em 31/05/2022, às 12h15 | Atualizada em 31/05/2022, às 12h22

Por Brunella França, com edição de Matheus Thebaldi

Estudantes da EJA batem papo com a cantora Monique Rocha e veem 'Sou Negro


Foto Divulgação
Emef SC

Transcender os muros da escola, por meio da música, de filmes e de um videoclipe. Estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Suzete Cuendet, em Maruípe, viveram a experiência de assistir à obra audiovisual de uma artista e poder conversar com ela sobre a produção.

O cineclube Axé Dum Dum, coordenado pelos professores Miguel Arcanjo e pelo professor Saulo Ribeiro, recebeu a cantora Monique Rocha para exibição do videoclipe de seu mais novo lançamento, "Sou Negro", lançado no dia 13 de maio, no canal dela do Youtube (assista aqui).

"Achei muito importante ver o videoclipe. Me senti representada", disse Cleidiane, estudante do Conclusivo A. Junto com ela, todas as turmas da EJA da Emef Suzete Cuendet participaram da atividade.

"Os conteúdos ligados a relações etnicorraciais são trabalhados em disciplina específica pela professora Delza e ramificados nas demais disciplinas encontram eco na programação do cineclube. O engajamento é positivo, com interesse e participação dos estudantes", destacou o professor Saulo.

Segundo ele, iniciativas como o cineclube Axé Dum Dum criam um espaço privilegiado de divulgação e ao mesmo tempo de reflexão sobre a produção cultural, uma chance de os estudantes se verem nas obras artísticas e pensar se é realmente assim que são. "Pensar em quem realmente somos", ressaltou ele.

A exibição do videoclipe e a roda de conversa integraram as atividades do Cineclube Axé Dum Dum, que tem como objetivo exibir e debater produções de interesse social e relacionadas à questão da igualdade racial.

Sou Negro

"Uma canção de amor e luta": assim a cantora Monique Rocha define seu novo samba, "Sou Negro", cujo videoclipe foi lançado no dia 13 de maio, que marca a data da Abolição da Escravatura e é considerado um dia de luta para o movimento negro, um momento de suscitar debates sobre o enfrentamento ao racismo.

A data marca também o aniversário do Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane), que foi um dos cenários das gravações do videoclipe, juntamente com o Morro da Fonte Grande.

"Sou Negro é uma canção que fala da luta, do racismo, da escravidão, da autoestima, do amor, e da beleza do povo preto", explicou a cantora sobre a composição do parceiro Jean Carlos.

A música foi lançada durante a pandemia da Covid-19, em 20 de novembro de 2020, no Dia Nacional da Consciência Negra. O intervalo entre os dois lançamentos serviu para amadurecer o conceito do vídeo e viabilizar a sua execução, uma vez que o projeto foi contemplado no Edital 007/2021 da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria de Cultura de Vitória (Semc).

O videoclipe

Dirigido por Cintia Braga, o clipe retrata um casal da realeza africana em plena favela brasileira, mostrando suas ruas, suas vielas e seus contrastes. Interpretados por Monique Rocha e pelo compositor Jean Carlos, os personagens transitam no meio da mata, para transmitir a ideia de ancestralidade. "Mostramos através do clipe que os negros não são descendentes de escravos e, sim, de reis e rainhas", destacou Monique.

Para representar a valorização da cultura afro-brasileira, o vídeo apresenta personalidades negras capixabas de vários segmentos, na área da educação, da política, da juventude, dos movimentos sociais, da diversidade de gênero e das artes. Entre os convidados, estão nomes como a atriz Suely Bispo, Zilda Aquino, do Bar da Zilda, a professora e especialista em samba Iamara Nascimento, o acadêmico Gustavo Forde, o músico Fábio Carvalho, o ator Markus Konká, o rapper Sagaz Bicho Solto e a empresária Priscila Gama, entre outros.

"Temos atores, poetas, intelectuais, cantores, bailarinos, personalidades do carnaval, pessoas do congo e do rap", descreveu a cantora. "São pessoas que fazem parte da minha trajetória como artista e outras por quem tenho grande admiração", revelou.

A composição musical chama a atenção pela originalidade e pelo andamento cadenciado, que remete ao banzo do povo negro em função da violência histórica da escravização. "Este samba é um misto de influências. Tem um quê de ancestralidade e também um pouco de modernidade. É um samba diferente, original", comentou Monique.

O videoclipe de "Sou Negro" integra o mais novo projeto de Monique Rocha, o show "Sou Negra", que reúne repertório de sua autoria e de outros compositores capixabas, com base no tema "O Negro: sua história, luta e resistência".

A artista

Natural de Afonso Cláudio (ES), Monique Rocha tem formação acadêmica em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e Qualificação Profissional em Teatro pela Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música (Fafi), tendo estudado também Canto Popular. Atua como atriz e cantora, tendo iniciado sua carreira no teatro em 2001 e sua carreira musical em 2007.

Em 2010, montou o grupo Fina Flor do Samba. Dois anos depois, lançou-se em carreira solo como cantora, com o espetáculo musical "Respeitem ao Menos os meus Cabelos Brancos", em homenagem ao centenário de Herivelto Martins. A partir desse momento, lançou o Projeto "Samba da Antiga", com repertório requintado de clássicos do samba.

Em 2015, iniciou uma série de shows temáticos com o espetáculo "O Canto da Guerreira - Uma Homenagem a Clara Nunes", apresentado com sucesso no Teatro Carlos Gomes e no Teatro Sesc Glória, em Vitória, na Escola Sesc de Jacarepaguá e no bar Vaca Atolada, na Lapa (RJ).

Ainda dentro das comemorações dos 75 anos de Clara Nunes, em 2018, estreou o show "Clara: Sambas, Boleros e Canções", ao lado da cantora Dorkas Nunes, com argumento e roteiro do jornalista e pesquisador musical José Roberto Santos Neves. Outro show temático de sua carreira é "O Mar Marejou", uma homenagem ao Dia de Iemanjá, apresentado desde 2016.

Em 2019, Monique Rocha estrelou o show "Sambas, Congos e Pontos", um passeio pela musicalidade afro-brasileira, entre sambas que marcaram história, toadas do congo capixaba e cantigas de cunho afro-religioso.

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