Publicada em 07/04/2022, às 22h55 | Atualizada em 07/04/2022, às 23h06

Por Brunella França, com edição de Andreza Lopes

Onde ela quiser: Barreiros faz homenagem a mulheres negras no Sambão do Povo


SEGOV COMUNICAÇÃO
Unidos de Barreiros
A vermelho e branco de São Cristóvão, Unidos de Barreiros, abriu os desfiles do Carnaval de Vitória 2022. (ampliar)
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A vermelho e branco de São Cristóvão, Unidos de Barreiros, abriu os desfiles do Carnaval de Vitória 2022. (ampliar)

Da rainha guerreira Nzinga, de Angola, à cantora Elza Soares. A vermelho e branco de São Cristóvão, Unidos de Barreiros, abriu os desfiles do Carnaval de Vitória 2022 defendendo o enredo "Nzinga, rainhas, guerreiras, negras". Todos os detalhes, ao vivo, estão sendo transmitidos pelo Facebook e pelo Youtube da Prefeitura de Vitória.

E para prestigiar o início do carnaval, Sandro Avelar, presidente da Império Serrano (RJ), está no Sambão do Povo acompanhando de perto o trabalho das agremiações capixabas, que neste primeiro dia iniciou os trabalhos com a presença de aproximadamente 700 pessoas assistindo ao desfile.

"Viajamos por grandes civilizações, como o Egito, falamos sobre a rainha de Sabá até chegar ao Brasil, contando a história de Elza Soares, de Ruth de Souza e outras grandes mulheres, como tia Ciata", destacou o autor do enredo, Douglas Palluzzo.

A inspiração para o enredo veio da obra "Njinga, Rainha de Angola", um filme biográfico angolano realizado por Sérgio Graciano e escrito por Joana Jorge, contando a história da rainha negra Nzinga Mbandi, uma mulher guerreira, que lutou contra os portugueses e o combateu do tráfico de seres humanos.

A expectativa da agremiação para a abertura das notas dos julgadores é subir para o grupo de Acesso A no Carnaval de Vitória de 2023. "A gente veio pra ganhar cantando a força das mulheres", garantiu o coreógrafo Ricardo Carvalho.

O desfile

A comissão de frente toda composta por mulheres, coreografada por Ricardo Carvalho, entrou na passarela do samba com a missão de representar a ancestralidade das grandes guerreiras que protegeram e lutaram por suas tribos e etnias. Logo em seguida, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marlon Lamar e Tainá Teixeira, veio trazendo a realeza de Matamba, que posteriormente se tornou Angola.

O reino de Matamba, aliás, inspirou o abre-alas da escola. A reverência à África tomou conta de todo o primeiro setor do desfile da Barreiros. A rainha de bateria, Fernanda Marangoni, trajava uma fantasia batizada de "Mãe África", enquanto os componentes da Bateria Furacão, comandada por mestre Igor Nonato, representava a força africana. E o ensaio técnico surtiu efeito: bateria entrou no recuo sem deixar brecha na evolução da escola na avenida.

Foto Divulgação
Sandro Avelar, Presidente da Império Serrano no desfile da Unidos de Barreiros.
Sandro Avelar, Presidente da escola de samba Império Serrano, do Rio de Janeiro, prestigia o desfile da Unidos de Barreiros.
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A vermelho e branco de São Cristóvão, Unidos de Barreiros, abriu os desfiles do Carnaval de Vitória 2022. (ampliar)

Conexão Tóquio

Da "ponte aérea" Tóquio-Rio de Janeiro para o Carnaval de Vitória! O modelo japonês Yoji Leão veio a primeira vez em 2016, com amigos cariocas, para conhecer o Espírito Santo e aqui se apaixonou pelo desfile das escolas de samba da capital. Ele, que desfila há 25 anos na Marquês da Sapucaí, também reina à frente da bateria da Unidos de Barreiros, ao lado da rainha Fernanda Marangoni.

"Antes de conhecer o carnaval de Vitória, eu não imaginava que fosse desse tamanho, tinha a impressão de ser menor. A energia aqui é maravilhosa. Essa vibração é única. Aqui a gente consegue sentir a arquibancada muito mais perto, é uma delícia", elogiou.

A força das mulheres

Entre outras personalidades históricas trazidas no enredo da Unidos de Barreiros, estavam a rainha de Sabá, da Etiópia, e Nefertiti, rainha da XVIII dinastia do Antigo Egito.

Já caminhando para encerrar seu desfile, apareceram no Sambão do Povo Winnie Bueno, mulher que lutou contra o apartheid social na Índia; Tia Ciata, mãe de santo de Oxum e doceira que está ligada ao nascimento do samba no Brasil; a atriz Ruth de Souza, uma das grandes damas da dramaturgia brasileira; Elza Soares, uma das maiores vozes da música e que nos deixou este ano; e a capixaba Maria Helena Pereira, presidente do instituto Mão na Massa e que faleceu no enfrentamento à covid-19.

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