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Projeto pioneiro conecta jovens a ecossistema único e ameaçado de extinção

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Por Andreza Lopes (aclopeseira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes


Foto Divulgação
Crianças da Caoca visitam Revis Mata Paludosa
Crianças da Caoca visitam Revis Mata Paludosa.

Em tempos de crise climática e desmatamento acelerado, uma iniciativa da Prefeitura de Vitória por meio da Secretaria de Meio Ambiente (Semmam) prova que a educação ambiental pode ser o antídoto mais poderoso contra a destruição da natureza. Nesta terça-feira (8), o Refúgio da Vida Silvestre (Revis) da Mata Paludosa, em Jardim Camburi, recebeu 120 crianças e adolescentes da Casa de Atendimento e Orientação à Crianças e Adolescentes (Caoca) de Maria Ortiz para o encerramento de um projeto que tem tudo para virar referência nacional.

Durante quatro meses, jovens de 6 a 17 anos - muitos em situação de vulnerabilidade social - mergulharam no universo do único remanescente de Mata Paludosa da Grande Vitória, um ecossistema raro que abriga espécies da fauna e flora típicas de áreas alagadas e que está criticamente ameaçado no Brasil.

O projeto "Preservação da Mata Paludosa de Vitória" conseguiu algo que poucos programas ambientais alcançam: transformar crianças que vivem na periferia em verdadeiros guardiões de um patrimônio natural inestimável. A estratégia? Jogos, brincadeiras e experiências práticas que despertam o que a educadora ambiental Osnéia Péccoli chama de "pertencimento ecológico".

"A Mata Paludosa representa muito mais que um pedaço de verde no meio da cidade. É um laboratório vivo que mostra para essas crianças que elas também fazem parte da natureza", explica Osnéia, coordenadora do projeto. "Quando uma criança de Maria Ortiz descobre que existe um ecossistema único a poucos quilômetros da sua casa, ela passa a se enxergar como parte da solução."

Ciência com diversão

O encerramento do projeto foi um espetáculo de educação ambiental. Divididos em dois turnos (9h e 14h), os participantes vivenciaram o "Jogo da Água", que simula o ciclo hidrológico; o "Jogo da Carta da Terra", baseado nos princípios da sustentabilidade global; e o "Jogo da Memória da Mata Paludosa", que testa o conhecimento sobre espécies locais.

A "Dinâmica da Bacia Hidrográfica" foi um dos pontos altos: uma representação teatral que mostra como a água conecta montanhas, rios e manguezais, demonstrando na prática por que a preservação da Mata Paludosa é fundamental para toda a região metropolitana.

O piquenique coletivo no gramado do REVIS não foi apenas um momento de confraternização. Com a orientação de evitar materiais descartáveis, a atividade reforça conceitos de consumo consciente e sustentabilidade - valores que essas crianças levarão para suas comunidades.

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Crianças da Caoca visitam Revis Mata Paludosa
Crianças da Caoca visitam Revis Mata Paludosa.

Impacto social multiplicado

O projeto ganha ainda mais relevância quando se considera o perfil dos participantes. Atendidos pela Caoca de Maria Ortiz, os jovens vivem em uma das regiões mais populosas de Vitória, onde o acesso a áreas verdes é limitado e a educação ambiental muitas vezes fica em segundo plano.

"Estamos formando uma geração que entende que preservar a natureza é uma questão de sobrevivência, não de luxo", destaca a educadora. "Quando essas crianças voltam para casa e contam para os pais o que aprenderam, o impacto se multiplica."

A iniciativa conta com o envolvimento direto de educadores sociais da Caoca além de auxiliar de planejamento e de assistente social, que acompanharam todo o processo formativo.

Modelo para o Brasil

O projeto integra as ações do Centro de Educação Ambiental (CEA) da Mata Paludosa e pode servir de modelo para outras regiões do país que enfrentam desafios similares. A combinação de educação ambiental crítica, inclusão social e valorização de ecossistemas locais representa uma abordagem inovadora que conecta sustentabilidade e justiça social.

Com o último reduto de Mata Paludosa do Espírito Santo sob crescente pressão urbana, iniciativas como esta podem fazer a diferença entre a preservação e o desaparecimento de um patrimônio natural único. E, pelo que se vê, o futuro da natureza capixaba está em boas mãos - pequenas, mas determinadas.