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Saúde: Vitória recebe pesquisadores de projeto inédito sobre cuidadores de pessoas com demência
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Por Giovana Rebuli Santos (girsantoseira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Andreza Lopes

Entre os dias 30 de junho e 4 de julho, Vitória os pesquisadores do projeto Relatório Nacional sobre Demência no SUS (ReNaDe), realizado pelo Ministério da Saúde por meio do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. As Unidades Básicas de Saúde (UBS) selecionadas para participar desse projeto foram as dos bairros República e da Praia do Suá.
Até a próxima sexta-feira (4), a equipe de pesquisa formada pela Médica da Família Paula Carnevale, e pelos médicos Psiquiatras e Psicogeriatras Lucas Martins e Andrew Miguel irão coletar dados para o projeto e realizarão um treinamento de 16 horas para os Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Essa capacitação visa identificar a viabilidade dos Agentes se tornarem facilitadores da Estratégias para Cuidadores em Demência (ESCADA), uma intervenção desenvolvida por pesquisadores do University College London (UCL), no Reino Unido, baseada em evidências científicas, com eficácia comprovada em diversos estudos clínicos e adaptada à realidade brasileira.
A secretária de Saúde de Vitória, Magda Lamborghini, destacou com entusiasmo o pioneirismo do projeto. "Estamos muito felizes em contribuir para um projeto inovador, voltado especialmente para o bem-estar da população idosa e de seus cuidadores", afirmou.
Lucas Martins explicou que, como a carga da doença acaba incidindo sobre o binômio cuidador/pessoa com demência, cuidar do cuidador traz benefícios significativos para ambos. "O projeto ESCADA tem o enfoque na saúde mental do cuidador. Esse é um estudo de viabilidade e não de implementação, por enquanto, mas a nossa ideia é que isso seja aplicado em todo o SUS e em diversos contextos", explicou Lucas Martins.

Para a referência técnica em Saúde do Idoso, Sandra Bissoli o diferencial desse projeto é sua abordagem individualizada e direcionada para o cuidador na casa do paciente. "Muitas vezes o cuidador não consegue fazer um treinamento ou mesmo se cuidar, pois não tem com quem deixar a pessoa que ele está cuidando. Por isso, essa metodologia permite alcançarmos esse público mais facilmente".
Paula Carnevale ressaltou o quanto a sobrecarga de quem cuida estressa e adoece o cuidador. "Há evidências de que o cuidador tem mais doenças crônicas, pois muitas vezes não consegue se cuidar adequadamente. E com o rápido envelhecimento da população brasileira, tanto a sociedade, como os serviços de saúde, precisam se preparar para essa realidade".
Os diretores das UBS selecionadas para o projeto ESCADA se mostraram muito animados por participar dessa iniciativa do Ministério da Saúde.
"É uma grande satisfação termos sido selecionados para participar dessa pesquisa e poder colaborar para a melhoria contínua da saúde e do bem-estar das famílias que atendemos", disse a diretora da UBS de Bairro República, Juliana Fagundes.

Expectativa de vida
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados em 2023, a população brasileira acima de 65 anos cresceu 57% entre 2010 e 2022. O aumento da demência, que afeta 1,85 milhão de brasileiros e pode triplicar até 2050, exige planejamento e investimento, conforme o Global Burden of Disease Study (GBD) 2019.
No Brasil, no ano de 2023, dados do Ministério da Saúde (MS) mostraram que a taxa de subdiagnóstico é alta, com estimativas de que a cada 10 pessoas, apena duas são diagnosticadas com demência em tempo oportuno, prejudicando o tratamento de quem vive com essa condição.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o custo global da demência foi de mais de US$ 1 trilhão em 2019, e pode chegar a US$ 3 trilhões até 2030. No Brasil, dois terços dos custos são relacionados ao cuidado informal, principalmente de familiares, em sua maioria mulheres que enfrentam sobrecarga emocional.