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Teatro, cinema e seminário para destacar a cidadania LGBT na Capital

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Por José Carlos Mattedi, com edição de Deyvison Longui

Com a colaboração de Brunella França


Foto Divulgação
Divinas divas
o transformista Jane Di Castro, que participa do espetáculo Divina Divas em homenagem a cantoras brasileiras

O glamour, o brilho, a alegria e a irreverência tomarão conta do palco do Theatro Carlos Gomes, nesta terça-feira (04), às 20h, no espetáculo Divinas Divas, diretamente do Rio de Janeiro. A entrada é gratuita e os ingressos devem ser retirados no dia do evento, na bilheteria do teatro a partir das 12h.

Divinas Divas é um show que homenageia cantoras brasileiras e internacionais de todos os tempos, com referência ao teatro de revista e aos musicais da Broadway. Uma das estrelas do espetáculo é o transformista Jane Di Castro.

O evento abre as atividades do I Mês do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) do Espírito Santo. Uma realização da Associação de Gays do Espírito Santo (Ages), em parceria com a Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Semc) e da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (Semcid), e apoio da Secretaria Estadual de Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setages).

Atividades

Além do show, haverá mais três atividades. Na sexta-feira (07), sábado (08) e domingo (09), o Mercado São Sebastião receberá o Festival Mix Brasil, o principal festival de cinema brasileiro que trata de diversidade sexual.

São filmes de longa e curta-metragens e documentários premiados nacional e internacionalmente. Destaque para o longa De repente Califórnia, de Jonah Markowitz (EUA, 2007, 97 min, fic.) e para o curta Homens, da capixaba Lucia Caus e Bertrand Lira (Brasil/ES, 2008, 22 min, doc).

Na sexta-feira (07), a abertura é só para convidados. No sábado (08) e domingo (09), o público está convidado a prestigiar o evento no Mercado São Sebastião, em Jucutuquara, sempre das 19h às 22h, com entrada franca.

Seminário

No dia 20 de agosto, em parceria com a Assembleia Legislativa do Espírito Santo, das 13h às 19h30, será realizado o I Seminário de Políticas Públicas e Cidadania LGBT. Entre os debatedores, estará o vice-secretário de Direitos Humanos da Presidência da República, Perly Cipriano.

No dia 13 de setembro, fechando a programação, acontecerá o II Dia de Cidadania LGBT de Vitória, na Praça do Papa, na Enseada do Suá, de 13h às 22h, com ações de cidadania, cuidados com saúde e beleza, shows, lançamentos de grifes e desfiles de moda. O evento é uma realização da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos (Semcid)

Movimento

O movimento LGBT brasileiro vem, desde o final dos anos 1970, lutando pela garantia de direitos à população homossexual e combatendo a discriminação e a homofobia.

"São 30 anos de história e organização política nos quais se destacaram o grupo Somos (já extinto), de São Paulo, principal precursor do movimento e que teve em seus quadros o escritor e jornalista João Silvério Trevisan", relembra o presidente da Ages, Moisés Ricardo.

No Espírito Santo, segundo Moisés Ricardo, houve diversas tentativas de organização no final dos anos 1980. "Militantes locais tentaram criar o Triângulo Rosa, mas a experiência não foi à frente devido ao conservadorismo da sociedade na época", relata. Nos anos de 1990, tentou-se transformar grupos de combate às doenças sexualmente transmissíveis em organizações de luta LGBT, mas a iniciativa fracassou.

Apenas no início dos anos 2000, diante de uma conjuntura mais favorável, grupos foram surgindo e se organizando por todo o Estado. De acordo com levantamento da Ages, hoje são 12 organizações que representam todos os recortes da população LGBT capixaba.

Paula Barreto
Arte e Literatura, GLBT
A Prefeitura de Vitória realizará em setembro o II Dia de Cidadania LGBT, om ações de cidadania, cuidados com saúde, beleza e shows

O presidente da Ages destaca as paradas ou manifestos de orgulho LGBT no Brasil e no Espírito Santo como fator impulsionador e de visibilidade positiva no processo organizacional do movimento. Mas Moisés Ricardo salienta a observação de muitos militantes LGBT à respeito das paradas.

"Hoje questionamos se esses eventos não se tornaram apenas festas e atrações turísticas, como a de São Paulo, que é a maior do mundo", comenta.

Outra preocupação a respeito das paradas é com a violência. "Há registros de invasão de paradas LGBT por gangues de criminosos ou intolerantes. Neste ano, uma bomba foi lançada de um edifício em São Paulo, ferindo várias pessoas e um rapaz foi espancado até a morte por marginais", complementa.

Uma solução encontrada pelo movimento é promover eventos culturais que levem de outra forma as questões debatidas por militantes LGBT para toda a população. Shows, festivais de cinema e seminários estão entre as ações propostas para se alcançar a cidadania e os direitos aos homossexuais e travestis.