Publicada em 08/06/2022, às 14h00 | Atualizada em 08/06/2022, às 14h08
Por Brunella França, com edição de Fernanda Sant'Anna
Maquetes de obras Tarsila do Amaral em exposição no Cmei Anísio Spinola

O lúdico é sempre um elemento que norteia a rotina na Educação Infantil. O trabalho com as cores, as formas e as experimentações faz parte das vivências das crianças matriculadas nos Centros Municipais de Educação Infantil (Cmei) de Vitória.
Em Resistência, no Cmei "Anisio Spínola Teixeira", maquetes representando as principais obras da pintora Tarsila do Amaral estão em exposição para um circuito de atividades desenvolvido pela dinamizadora de Arte Danuza Bricio com as crianças das turmas do turno vespertino.
"Estamos trabalhando o retrato e o autorretrato na Arte e este trabalho faz parte do projeto institucional e de sala. A chegada das maquetes representando as obras de Tarsila do Amaral trouxe uma nova inspiração de pesquisa metodológica no ensino da Arte para as crianças. Aqui no Cmei, fizemos atividades de observação e diálogo sobre a artista e suas obras, além de exercícios de releitura do autorretrato da artista", destacou Danuza.
As maquetes foram desenvolvidas por estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes) de Vila Velha, junto à professora Hiáscara Jardim, que é pesquisadora do Polo Arte na Escola (SP), da unidade da Faculdade Novo Milênio.
"Trabalhar o circuito de exposição entre escolas parceiras faz com que as crianças conheçam e interajam com outras produções e artistas, além de dialogar com trabalhos de outros estudantes, fora da nossa comunidade escolar. Em atividades como essa, temos a possibilidade de inovação, interação, colaboração e preservação das obras das produções locais e nacionais, além de explorar o sentido das cores e das formas propostas nos trabalhos", disse a dinamizadora de Arte.
As maquetes
Em comemoração ao centenário da Semana de 1922, estudantes do primeiro ano do ensino médio técnico integrado produziram maquetes que representam de forma tridimensional obras de Tarsila do Amaral da fase Pau-Brasil, como é conhecida sua produção de influência cubista.
As obras selecionadas retratam o processo de urbanização da cidade de São Paulo, na década de 1920, que a transforma em metrópole. Trata-se de uma percepção da modernidade, simbolizada pelos edifícios que começam a despontar, como também viadutos e pelas fábricas, linhas férreas com seus vagões, estruturas de ferro e a Torre Eiffel que a artista empresta a obra Carnaval em Madureira.
Segundo a professora de Artes Hiáscara Jardim, foram esses elementos que os estudantes levaram em consideração ao elaborarem as maquetes. A ideia era que percebessem as formas, as cores empregadas, os planos, a composição e os símbolos utilizados pela artista. O processo que resultou em sete maquetes que demonstram a percepção das turmas.
Tarsila do Amaral
Pintora, desenhista e tradutora, Tarsila do Amaral assina uma das obras mais conhecidas das artes brasileiras, o "Abaporu", de 1928. "Essa figura primitiva e monstruosa nasceu de um sonho", deixou registrado a artista sobre sua obra.
Em sua trajetória artística, Tarsila do Amaral disse que foi em Minas Gerais que ela viu as cores que gostava desde sua infância, mas que seus mestres diziam que eram caipiras e ela não devia usar em seus quadros.
"Encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para as minhas telas: o azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante", relata a biografia da artista.
E essas cores tornaram-se uma das marcas da sua obra, assim como a temática brasileira, com as paisagens rurais e urbanas do país, além da fauna, flora, folclore e do povo brasileiro.
Além do tema e das cores, Tarsila trouxe a técnica do cubismo aprendida em Paris para os seus trabalhos. Esta fase da sua obra é chamada de Pau Brasil, e é composta por quadros como 'Carnaval em Madureira', 'Morro da Favela', 'O Mamoeiro', 'O Pescador', dentre outros.