Publicada em 13/02/2020, às 12h42 | Atualizada em 14/02/2020, às 19h27

Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi

Carnaval 2020: Pega no Samba leva pessoas em situação de rua para a avenida


Guiomedce Paixao
Usuários do Centro pop desfilam na avenida carnaval
Assistidos do Centro-Pop ajudam a confeccionar as fantasias com as quais vão desfilar no Sambão do Povo com oficineira Jupiara
Guiomedce Paixao
Usuários do Centro pop desfilam na avenida carnaval
Usuários entrarem no clima do Carnaval ensaiando o samba-enredo e também a harmonia. Na foto, assistido Fabiano entre oficineiros Ana e Júnior

Contagem regressiva para pessoas em situação de rua assistidas pela rede socioassistencial do município e a equipe do Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro-Pop) entrarem na passarela do samba. Nesta sexta-feira (14), eles vão desfilar na escola de samba Pega no Samba.

A agremiação traz o samba-enredo "Viva e deixe -me viver, intolerância jamais o Pega pede paz". Nesta semana, alguns assistidos e profissionais do equipamento realizam a leitura e a memorização do samba-enredo. Fizeram também um breve ensaio para simular o desfile na avenida, com a orientação do oficineiro cultural do Centro-Pop, Junior Rocha.

Já outra parte das pessoas em situação de rua está envolvida com os figurinos da ala em que vão desfilar. Eles estão recebendo a ajuda da oficineira de costura do equipamento, Jupiara Francisco.

Protagonismo

"Neste ano, a Pega no Samba vem dar voz e visibilidade a pessoas vítimas de preconceito e discriminação. Ela evidencia a mulher, o negro, a diversidade sexual, as pessoas em situação de rua, pessoas com deficiência e outras classificações dentro da Assistência Social. Todos nós, aqui no Centro-Pop, abraçamos a ideia de desfilar a convite da escola. Acreditamos que a arte tem esse poder de transformar, pois nos desperta a refletir sobre a maneira como enxergamos o mundo, como enxergamos o outro e, principalmente, como nos enxergamos. Com olhares mais sensíveis, podemos contribuir para a construção de um mundo mais tolerante, harmonioso, cheio de novas pespectivas e com novas possibilidades de protagonismo", ponderou o facilitador cultural do Centro-Pop, Junior Rocha.

Motivação

Sobra motivação entre os assistidos. "Nós não temos nem condições financeiras de comprar uma roupa e, quem diria, uma roupa que vamos usar no desfile. Vejo isso como um recomeço porque, quem sabe ano que vem, não posso arrumar um emprego ou ser um empresário para confecionar algumas dessas fantasias. Estou feliz com a oportunidade em desfilar. Todos vão ter um novo olhar sobre nós", disse Fabiano Bezerra da Silva, de 41 anos.

"Está sendo bem diferente e muito legal desfilar. Eles estão fazendo nos sentir reconhecidos. Estou muito feliz e agradecido", afirmou Juliano Rabgel Lima.

Oportunidade

"Vejo isso aqui como uma oportunidade boa. Porque daqui posso levar para a minha vida. É uma profissão. Daqui a um tempo posso me especilizar e entrar no mercado de trabalho como custureira, ter minha casa e, assim, reconstruir a minha vida", declarou Flávia Gomes Moreira, 47.

Igualdade

"Através dessa parceria entre a escola de samba Pega no Samba e o Centro-Pop, tivemos a oportunidade de permitir que os assistidos trabalhassem, porque, através do Carnaval, estavam fazendo alegoria, artesanato e recebendo por isso. Isso amplia as possibilidades de reinserção no mercado de trabalho. Eles se sentiram empoderados e participativos, em saber que são iguais", disse a oficineira Ana Maria da Rocha Rodrigues.

Talento

"Alguns dos nossos assistidos estão produzindo parte do figurino da ala de inclusão que o Centro-Pop vai participar. Para nós, é muito importante porque vemos o pertencimento e envolvimento dos assistidos. Então, vemos que o Sambão do Povo é um local onde ninguém via eles. Agora, estão tendo a oportunidade de serem destaques e desfilarem. Houve grande alegria nossa em estarmos juntos, somando para esse pertencimento deles enquanto cidadãos de direito e artistas super talentosos que são", ponderou a oficineira de costura do Centro-Pop, Jupiara Francisco.

Construção

"O Centro-Pop, como espaço de construção de sociabilidades, promove eventos e ofertas de oficinas diversas, dentre elas o Carnaval, como festa popular brasileira. O oficineiro de cultura trabalha a expressão corporal, dança e canto dentro do ritmo do Carnaval, e isso tem motivado os usuários", explica o coordenador do Centro-Pop, Mauro Motta.

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Usuários do Centro pop desfilam na avenida carnaval
Oficina cultural permitiu que os usuários aprendessem a fazer alegorias e artesanato
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Usuários do Centro pop desfilam na avenida carnaval
Mauro Motta, que é coordenador do Centro-Pop, ressalta que as oficinas de Carnaval levaram motivação para os usuários
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