Histórias como a de Gal (Shirley Cruz) - uma mulher que vive da coleta de materiais recicláveis e que precisava se libertar da violência doméstica imposta pelo companheiro, Leandro (Seu Jorge), no filme A Melhor Mãe do Mundo -- foram lembradas na roda de conversa promovida pelo Centro de Referência de Assistência Social (Cras) Alaides dos Anjos, no território de Santa Martha. A atividade foi voltada para mulheres atendidas por serviços do município.
A ação contou com a parceria do Centro de Convivência (CC) de Andorinhas, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Andorinhas e do Instituto Mulheres em Ação (IMAC), reunindo mais de trinta mulheres lado a lado, atentas às exposições. O encontro fez referência ao Agosto Lilás, campanha de conscientização e combate à violência contra a mulher, que busca informar sobre os diferentes tipos de violência doméstica e divulgar os canais de denúncia. A campanha também marca a luta pela efetivação da Lei Maria da Penha, sancionada em agosto de 2006.
Vozes que inspiram
O tema teve grande impacto para a idosa Zenair Maria da Siva Guimarães, de 74 anos, participante das atividades no CC Andorinhas. No início, ela demonstrou resistência às colocações, mas aos poucos reconheceu a importância das informações para apoiar quem possa precisar.
"Todo mundo precisa saber das informações para se proteger. Eu fui um caso que criei sozinha quatro filhos. Larguei o marido e fui viver tranquila. Trabalhei até como ajudante de pedreiro, mas tive paz", contou.
Já Jormira Porto dos Santos, de 77 anos, participante das atividades na UBS Andorinhas, destacou a clareza das orientações:
"Eu já sabia onde recorrer e a importância de denunciar, mas é sempre bom ouvir novamente para ficar gravado na memória e a gente saber agir na hora que precisar", afirmou.
Para Cleuza Maria dos Santos Figueiredo, de 75 anos, a experiência teve um valor ainda maior. Com mobilidade reduzida após um Acidente Vascular Cerebral (AVC), suas saídas de casa se restringem às atividades acompanhadas pela equipe do Serviço de Proteção Social Básica em Domicílio (SAD).
"Gosto de participar de tudo, porque aprendo alguma coisa e convivo com mais pessoas. O atendimento do SAD chegou em um momento muito importante da minha vida, quando eu realmente precisava desse apoio", disse.
A importância do acolhimento
A coordenadora do Cras Santa Martha, Soraia Assis, explicou que a proposta da roda de conversa surgiu das reuniões de equipe, quando técnicos destacaram o número de mulheres que relatavam viver ou testemunhar situações de violência doméstica no território.
"Unimos esforços para oferecer às mulheres atendidas em nossos serviços informações, orientações e os canais de denúncia e acolhimento. Estamos em um território permeado por diversas formas de violência, e cabe aos serviços acolher e orientar da forma adequada em cada situação", destacou.
Fortalecimento feminino
A secretária de Assistência Social, Soraya Manato, reforçou a relevância da iniciativa. "Ações como esta são fundamentais para o fortalecimento e o empoderamento das mulheres, inclusive as idosas. Precisamos nos unir para combater todas as formas de violência contra a mulher. É hora de dar um basta", afirmou.