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"O Capitão e a Sereia": o encanto de se deixar levar pelo imaginário

Publicada em

Por Brunella França, com edição de Angèle Murad


Adriano Horta
Peça Teatral, O Capitão e a sereia
Um mosaico de situações permite ao público construir sua própria história dentro do espetáculo

Um convite à imaginação. Os integrantes do grupo Clowns de Shakespeare, que vem pela primeira vez ao Espírito Santo, avisam logo que os presentes farão o papel de público, já que eles farão o de atores, e que a personagem principal da história não entra em cena. Ainda assim, convidam a todos para uma viagem pelo sertão sem estar no sertão.

No palco do Teatro José Carlos Oliveira, um mapa com um formato um tanto diferente, similar a uma bola de futebol americano. E no centro desse mapa, cobrindo a maior parte dele, azul. Água. Oceano. Este é o cenário de "O Capitão e a Sereia", encenada nesta quarta-feira, à noite, no VII Festival Nacional Cidade de Vitória.

O espetáculo é a história de Marinho, um sertanejo que cresce encantado com as histórias e canções que seu pai lhe contava sobre o mar. O rapaz, que carrega o mar no nome, desenvolve, então, exímia habilidade em contar histórias sobre o tema e forma uma trupe mambembe, que sai pelo sertão a encantar as pessoas com seus contos. Até que um dia, no meio da noite, desaparece em busca de seu sonho: conhecer o mar.

Mas e a trupe? Bem... Senhoras e senhores, a "Trupe Tropega, Mas Não Escorrega" tem o orgulho de apresentar seus melhores números, contar as histórias que poucos imaginaram um dia ouvir, levar Ernest Hemingway para o centro do palco e apresentar um mosaico de situações que se sucedem e possibilita ao público construir sua própria história. Essa é a grande magia do espetáculo.

Ao invés de narrar a saga do herói que parte em busca de seu sonho, o Grupo Clowns de Shakespeare conta a história da trupe que ficou à espera do retorno do capitão. O texto da peça é baseado no livro "O Capitão Marinho", de André Neves.

O público assiste a um jogo narrativo dos atores, que oscilam entre serem personagens da trupe ficcional ou narradores distanciados da tentativa daqueles de enganar o público, escondendo que seu formidável e inigualável capitão Marinho sumiu do mapa.

E como isso tudo vai terminar? Depende de quem viu a peça. Para a história do capitão, por exemplo, são apresentados quatro finais diferentes. Cabe ao espectador, após acompanhar todo o desenrolar da história, escolher um deles ou ir mais longe ainda e inventar o seu próprio final.