Publicada em 10/09/2013, às 18h23
Por Nelly Blanco (nebsilvaeira$4h064+pref.vitoria.es.gov.br), com edição de Matheus Thebaldi
Trabalho pesado não tira a alegria e o orgulho dos garis que atuam na capital


Eles estão nas ruas envolvidos com varrição, lavagem de ruas, avenidas e escadarias, limpeza de bueiros, praias e praças, pintura de meios-fios, capina, roçagem, raspagem de terra e retirada de entulhos. Essas tarefas fazem parte da rotina dos garis. Mas quem pode imaginar o dia a dia desses profissionais? São pais, atletas e cantores. No mundo dos garis, há um pouco de tudo.
E quem acha que o trabalho pesado os tira do sério está muito enganado. Osvaldo Lira Filho, por exemplo, adora a profissão. "Começo o dia já pensando em trabalhar. É praticamente um atletismo ser gari. É exercício. É correria pra todo mundo. Mas isso é ótimo para a saúde, ainda mais porque a equipe é boa. Durante o trabalho, eu canto! E canto de tudo: pagode, música evangélica, o que vier à cabeça", contou.
Já Sebastião Adilson Correa é gari de dia e corredor à noite. "O dia a dia é animado. Todos ajudamos uns aos outros. Todo mundo brinca. Os mais velhos sempre explicam com detalhes como o trabalho deve ser feito. O clima é de colaboração. Mas, depois do trabalho, é hora de treinar. Treino corrida à noite. Mas, com certeza, eu consigo meu condicionamento no dia a dia", explicou.
Diversidade também faz parte da rotina dos garis. "Eu varro, limpo bueiros e faço os serviços de pintura também. O trabalho é bem variado. Nos morros, sempre nos oferecem café e água. Mas não fico sempre nesses lugares. Nosso trabalho é em vários bairros, e é bom quando passamos em bairros diferentes e conhecemos pessoas novas", comentou o gari Eliel Rodrigues da Silva.
Pai dedicado, Alex Sandro Trancoso dos Santos acorda às 5h30. "Minha rotina começa às 5h30, quando acordo e vou à padaria. Compro pão e leite para as crianças e volto, pois gosto de tomar café com meus quatro filhos antes de sair. Então, antes de começar o trabalho, oro. Já é um costume".


Reclamação
Mas, como em toda profissão, nem tudo são flores. A principal reclamação dos garis é a falta de reconhecimento da importância do papel deles na sociedade. "Trabalhamos pelas estações. No verão, começamos a trabalhar mais cedo para que, quando as pessoas cheguem às praias, já esteja tudo limpo. Mesmo assim, as pessoas não nos valorizam. Sinto rejeição da sociedade, ajudamos na limpeza da cidade, na saúde do município, mas as pessoas nos chamam de lixeiros. Isso nos entristece. Elas não entendem que enfrentamos varias situações para desenvolver nosso trabalho. Ainda bem que na comunidade Jesus de Nazareth todos me cumprimentam. Sinto afinidade", desabafou Osvaldo.
"Nem sempre somos bem tratados, mas converso com muita gente. Eu trabalho nos mutirões. E tem vezes que até ganho presentes, como frutas para um lanche. Muitos valorizam nosso trabalho, mas alguns nem reparam", lamentou Eliel.
"O que vale disso tudo é o respeito de algumas pessoas que mostram que têm confiança em nosso trabalho. A gente tem amizade com moradores, comerciantes e isso nos faz bem", comentou Alex Sandro.
"Mesmo diante de tudo, amamos o que fazemos. E cada cidadão pode ajudar não jogando entulhos nas ruas, acondicionando corretamente o lixo e se conscientizando sobre horário de coleta", explicou Sebastião.
Dicas dos garis
Na correria do dia a dia, alguns garis se machucam porque resíduos são acondicionados de maneira incorreta. Veja algumas dicas para ajudá-los a recolher um lixo seguro:
- Sebastião Adilson Correa: "Não descarte seringas no lixo comum, devolva às farmácias e postos de saúde".
- Osvaldo Lira Filho: " Se for jogar vidro fora, embale em jornais ou papelão ou coloque dentro de garrafas pet para que não machuque os garis".
- Eliel Rodrigues da Silva: "Não coloque sacos de lixo com muita areia, eles rasgam e sujam toda a calçada".
- Alex Sandro Trancoso dos Santos: "Cuidado com palitos de churrasco, eles furam a sacola e machucam quem recolhe o lixo".
Saiba mais
Em Vitória, são 560 garis, aproximadamente, que trabalham em 12 equipes de varrição, seis de manutenção de morros, 12 de serviços diversos e uma de acompanhamento de equipamentos. As equipes são divididas por região e por horário. Os horários de serviço são das 6 horas às 14h20, das 7 horas às 15h20, das 7h40 às 16 horas e das 20 horas às 4h20.

