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Família Acolhedora traz novo lar e convívio afetivo para crianças e adolescentes
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Por Paula M. Bourguignon, com edição de Matheus Thebaldi

"Essas crianças precisam de amor como se tivessem nascido da minha barriga. Foi o coração que gerou". Esse é o depoimento de Maria José Ferreira Lopes, que participa há quatro anos do Programa Família Acolhedora.
Amor incondicional e solidariedade são algumas das palavras que definem esse projeto, cujas famílias acolhem em suas residências crianças e adolescentes afastados da família de origem mediante determinação judicial, por serem vítimas de abandono, negligência ou formas múltiplas de violência.
Assim como fez Maria José, as famílias decidem "abraçar" a causa e dar temporariamente um novo lar a esses pequenos, que ganham novo sentido de vida com os novos vínculos familiares e afetivos.
Lições de vida
O casal Maria José Ferreira Lopes, de 51 anos, e Djalma Lopes, 63, está há quatro anos no programa e já acolheu quatro crianças. Atualmente, acolhe três irmãos: duas meninas, de 7 e 9 anos, e um menino, de 5 anos.
"Eu sempre cuidei dos filhos das minhas vizinhas. Minha filha adotiva sempre pedia para ficar mais com eles, porque queria acordar e dormir com criança. Então decidi acolher para dar atenção e carinho que faltam para essas crianças e eles poderem brincar com minha menina".
Emocionada, Maria José disse que o maior desafio será na hora de as crianças irem embora: "O momento mais difícil vai ser na hora que eles forem embora. Os quatro levantam juntos, lancham na mesma hora, escovam os dentes e vão juntos para o colégio".
Maria e Djalma educam as crianças para chamá-los de "tios", já que elas têm seus pais. "Nós temos consciência que somos uma família provisória. Colocamos até beliche para o melhor conforto deles aqui na nossa casa".
O pequeno C., de 5 anos, está muito satisfeito. "Gosto muito dela, pois ela me trata com muito amor. Ela é muito boazinha. E o que mais gosto é o lanchinho".

Carinho e atenção
Maria Auxiliadora Oliveira, 57, conhecida como "Cissi", tem quatro filhos biológicos e já acolheu seis crianças, desde 2008. "Eu sou evangélica, então procuro ensinar a essas crianças o amor de Deus, como está a violência no mundo das drogas e o respeito ao próximo. Esses pequenos precisam de carinho, atenção e cuidado especial, pois são crianças carentes".
Alternativa
A coordenadora de Acolhimento Familiar da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), Maria das Graças Possa Andrade, ressaltou a importância do programa.
"O programa tem como objetivo acolher crianças e adolescentes que sofreram alguma violação ou algum abandono. O acolhimento familiar é uma alternativa de proteção de não-institucionalização, quando se faz necessário o afastamento do convívio familiar de origem".
Requisitos
Além do apoio psicossocial da equipe técnica, a família recebe o auxílio de 60% do salário mínimo por criança e adolescente acolhido. Veja quais são os requisitos para ser uma Família Acolhedora.
- residir em Vitória;
- idade compreendida entre 25 e 70 anos;
- boas condições de saúde física e mental;
- não ter pendências judiciais na área criminal;
- tempo disponível para a criança e/ou adolescente;
- parecer psicossocial favorável emitido pela equipe técnica do programa.
- estar com os demais membros da família em comum acordo com o acolhimento.
Para se inscrever, é preciso preencher a ficha de cadastro e enviá-la ao programa. Mais informações pelo telefone (27) 3382-6160 e e-mail pfacolhedora@correio1.vitoria.es.gov.br.
Acolhimento não é adoção
Ao acolher provisoriamente as crianças ou adolescentes, as famílias candidatas são conscientizadas da diferença entre acolhimento e adoção. Acolher uma criança ou um adolescente é obter a guarda provisória, evitando que eles vivam em abrigo e possibilitando um ambiente adequado ao desenvolvimento infanto-juvenil. Assim, a família acolhe a criança ou adolescente por um período que varia de seis meses a dois anos. Já a adoção é a maneira legal e definitiva de uma pessoa assumir como filho uma criança ou adolescente.