Prefeitura de Vitória

Depois da intervenção artístico-urbana no monumento Vitória 360º, o projeto A Arte é Nossa está desenvolvendo um novo trabalho. Desta vez, parte do paredão localizado na avenida Marechal Campos, no sentido Maruípe-Bairro de Lourdes, está sendo a tela para retratar as histórias e o dia a dia da comunidade do bairro Santos Dumont.

A pintura traz personagens e o cotidiano peculiar do local. A previsão é de que a obra seja entregue até o fim da primeira quinzena de outubro. O trabalho está sendo realizado e elaborado pelo artista urbano Starley, em parceria com os também artistas Alexsander Moris, Luhan Gaba, Keka Florêncio e Thiago Roel, além da produção de Angel Perales.

"Compreendi que cada laje, lajota e estrutura representava, além dos relatos, a força e o modo organizacional daquele povo", explicou Starley.

Processo

A primeira etapa do trabalho foi conhecer a região e as pessoas que são retratadas na obra. Para isso, Starley contou com o apoio de lideranças do bairro. "Os líderes comunitários Tim Maia e Neno Bahia prontamente me encaminharam para conhecer e conversar com moradores mais antigos da comunidade".

A partir desse contato, ele foi construindo uma coletânea de relatos e registros fotográficos, além de uma rotina de observação sobre o cotidiano dos moradores e um olhar sobre a geografia do local. "Comecei a esboçar partindo desse prisma, fotografando os locais, as ruas, o cotidiano e as pessoas, dando ênfase aos seus olhares, seus sorrisos, costumes e festejos".

O trabalho vem sendo desenvolvido por etapas. Starley está produzindo as figuras realistas e as imagens em plano geral, e a equipe é responsável por pintar as paisagens, os sketches e acabamento.

"A Prefeitura realizou a lavagem da superfície, aplicamos selador, base de tinta acrílica, além de fibra de vidro e manta líquida nos barbacãs para que a água proveniente da pedra não infiltre na pintura, finalizando com a pintura do corrimão e grades acima do muro, aplicação de verniz em toda superfície do paredão e a pintura da calçada".

Personagens

Além de um olhar panorâmico sobre o local, a pintura insere pequenas basculantes onde é possível reconhecer as pessoas e os espaços que formam a história daquela comunidade.

"Fiz uma pequena curadoria dos fotografados: Dona Clévia, senhorinha simpática e disposta, e sua netinha Lana estão entre esses; Miguel, um menino sorridente que encontrei com seus pais fazendo um piquenique no campo de futebol na sombra; cenas do bloco tradicional Pinduraí; o próprio campo; a feira; a placa da Escola Valdívia da Penha Antunes Rodrigues, instituição fruto da correria de muita gente e ,segundo relatos, principalmente da Dona Floripe, hoje infelizmente acamada".

Para Starley, o trabalho tem a importância de aproximar a arte da comunidade e potencializar o espaço público como lugar para intervenções artísticas. "A obra tem sua importância, primeiro para descriminalização da linguagem, além de apresentar as potencialidades contidas no espaço urbano, trabalhando junto com o empoderamento e a autoestima de quem reside no território".

Pertencimento

Além disso, o artista acredita que o trabalho reforça o sentimento de pertencimento dos moradores e o poder de transformação da arte. "Acredito religiosamente que a arte salva, transforma e molda a malha da realidade. No momento em que estamos vivendo, faz-se cada vez mais necessário levar informação, agregar no repertório, aprender com a cultura local, estimular o protagonismo e um despertar de consciência".

A intervenção artístico-urbana "Comunidade Santos Dumont" é uma parceria entre as secretarias municipais de Cultura (Semc) e Gestão, Planejamento e Comunicação (Seges).

A Arte é Nossa

O projeto A Arte é Nossa é uma iniciativa da Semc que tem como objetivo humanizar os espaços públicos por meio de intervenções artístico-urbanas e, assim, democratizar a produção artística local para além dos espaços tradicionais de exposição.

Desde 2013, aconteceram inúmeras ações em espaços públicos da cidade, com mais de dois mil metros quadrados de pintura artística, através de parcerias com artistas locais ligados ao grafite, à arte-relevo e a outras técnicas, transformando as ruas de Vitória em uma grande galeria urbana.